segunda-feira, 28 de setembro de 2009

JORNAL O DIA ESTIMULA DIVERGÊNCIAS NO PT EM RELAÇÃO A SUCESSÃO ESTADUAL NO RIO

Lindberg passa por cima de Lula – Fonte Site do Jornal O DIA – Dia: 24/09/09

Prefeito de Nova Iguaçu muda o discurso e agora diz que nem o pedido do presidente o faz desistir de candidatura.

Rio - O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), decidiu endurecer. Ele afirmou ontem que vai manter sua candidatura ao governo do estado, mesmo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe peça para desistir. “Se ele pedir para conversar, vou dizer a ele que não dá para abrir mão da candidatura”, afirmou. Terça-feira, em Nova Iorque, Lula revelou ao colunista Bruno Astuto, de O DIA, que a pré- candidata do PT à presidência, a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, terá só um palanque no Rio.

Cabral, do PMDB, tentará a reeleição e tem em Lula aliado forte. Lindberg defende candidatura própria do PT

“Não dá para subir (no palanque) com Cabral e Lindberg. Não vai dar certo”, disse Lula, referindo-se ao governador Sérgio Cabral (PMDB), que disputará a reeleição e tem o partido na base aliada.

“A esquerda tem que ter candidatura própria”, afirmou Lindberg, que há dois meses disse que só abriria mão da candidatura, caso o presidente lhe pedisse. Para ele, o palanque único só seria bom para o governador Cabral. “Para Dilma, o melhor são três palanques”, disse, referindo-se a Anthony Garotinho, do PR, que também tem o partido na base aliada do governo e apoia Dilma Rousseff.

Para o deputado federal do PT Luís Sérgio, a declaração de Lindberg é uma bravata contra Lula. “Ele foi desrespeitoso com o presidente”, disse. Presidente regional do PMDB, o deputado estadual Paulo Melo defende o governador. Segundo ele, a fala do presidente “é a reafirmação de Lula de que Cabral é o candidato dele”. E alfinetou Lindberg: “As pessoas perdem a razão quando se consideram mais importante que o projeto”. Para Melo, Lindberg não pensa em Dilma, mas em seu projeto pessoal.

Já o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) aproveitou a escolha do presidente para atacar o adversário. “A tradução do que foi dito é: Cabral é candidato fraco e se não tiver todo o apoio de minha base e o tempo de TV correspondente, não terá chance ”, afirmou.Garotinho não quis se manifestar.
Eleição no PT do Rio pode definir candidatura

As eleições internas do PT, em 22 de novembro, podem ajudar a definir a situação sobre a candidatura própria ao governo do estado. Lindberg aposta em três candidatos — Bismarck Alcântara, Lourival Casula e André Taffarel — para derrotar o deputado federal Luís Sérgio, candidato a presidente estadual do PT, que defende a aliança com Cabral. Valdeck Carneiro, de Niterói, também é candidato.

Em tese, quem tiver maioria poderá influenciar na convenção estadual do partido, em abril. Mas a decisão pode ser antecipada, já que a convenção nacional, prevista para fevereiro, pode definir que candidaturas serão mais úteis para eleger Dilma.

Aliado de Luís Sérgio, o presidente regional do PT, Alberto Cantalice, também criticou Lindberg. “Ele entende tanto de PT quanto eu entendo de rugby”, disse. Já Lindberg promete pressionar o presidente Lula: “Vou dizer ao presidente que Cabral não é tão firme como ele pensa”.

Reportagem de Marcos Galvão e Ricardo Villa Verde

Comentário do Blog

É fato que o PED no Estado do Rio de Janeiro está polarizado pelas duas posições as quais esta matéria do jornal O Dia se refere, só quem não conhece o partido avalia que tal disjuntiva é artificial, muito embora o desfecho da disputa presidencial do PT não defina à priori a tática eleitoral que o partido irá escolher.

Nem a vitóiria do deputado Luiz Sérgio na disputa define que o partido vai apoiar a reeleição do governador Sérgio Cabral e nem a de André Taffarel, Bismark Alcântara ou Lourival Casula sinalizam que o PT irá marchar com a candidatura própria ao governo do Estado, já que no apoio tanto do primeiro quanto dos demais, existe dúvida em relação a posição que o partido deve seguir, inclusive sobre o efeito que o apoio a Cabral terá no desempenho do partido nas eleições proporcionais e na disputa ao senado.

Primeiro, que é inegável que a posição do presidente Lula e a política nacional terão peso nesta definição. Segundo, porque o sentimento da base militante do PT é em favor da candidatura própria. Posição fortalecida pela insatisfação de setores partidários que foram alijados da ocupação de espaços e cargos na máquina administrativa do estado e da sua capital, governadas pelo PMDB. Terceiro, porque qualquer cálculo político e eleitoral constata que o melhor dos mundos para candidatura da ministra Dilma à Presidência da República, é poder contar com os palanques de Lindberg, Cabral e Garotinho. Quarto, porque o governo Sérgio Cabral, em função das suas escolhas programáticas, não goza de grande popularidade, em particular junto aos movimentos sociais e ao sindicalismo fluminense,que, em sua maioria, ora é polarizado pelo PSTU e pelo PSol, ora pelo PT e pelo PCdoB. Quinto, porque o apoio do PT ao seu governo jamais assumiu a condição de aliança, PT-PMDB - muito menos sólida como apregoam alguns -, mas de pura e simples adesão.

Aliança pressupõe reciprocidade e mediações programáticas, algo que não se verifica no Estado do Rio. Declarações, como as atribuídas ao presidente Lula e de alguns dirigentes do partido no estado, em favor da aliança com Cabral, reforça a idéia de adesão, pois não dão margem de negociação para o partido, em relação a montagem de uma chapa majoritária, composta não só pelo candidato ao governo, mas também a vice e as duas vagas ao senado. O resultado é que isso fortalece ainda mais a proposta de candidatura própria, até porque hoje Cabral precisa mais do PT, do que a candidatura Dilma precisa dele, se confirmadas as candidaturas de Gabeira e Garotinho ao governo do estado.

Quando aqui se trata de declarações atribuídas, é que nesse momento deve-se lidar com extremo cuidado com o que é divulgado pela mídia, e não se pautar única e exclusivamente pelo que ela publica. As estreitas relações entre o presidente Lula e o prefeito Lindberg Farias não conferem veracidade ao tom das declarações atribuídas ao segundo, pela matéria do jornal O Dia, que desencadeou as demais declarações.

Se o petismo no Estado do Rio, inclusive os defensores do apoio à Cabral. lograsse tratar a candidatura Lindberg como um trunfo, não, como trata em geral a grande mídia, como um problema, quem ganharia com isso é o partido, a candidatura Dilma e o povo do Estado do Rio de Janeiro.

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