Por André Barros, do Rio de Janeiro
Enquanto a base do partido está rachada, as lideranças, por vezes, se entendem, como quando apoiaram, sem qualquer debate, Eduardo Paes, por vezes, brigam, como na atual discussão a respeito da candidatura própria ou apoio a Sérgio Cabral.
Ambas as posições são vítimas da mesma armadilha do sistema de representação: para governar precisam se articular com setores historicamente hegemônicos da sociedade, que construíram na chibata a estrutura social racista brasileira.
Lula, para governar respeitando as instituições republicanas, com paradigmas historicamente monarquistas, tais como o Senado, necessita de maioria no parlamento, já que o PT tem apenas 10 Senadores num Senado de 81, e faz uma aliança estratégica com o maior partido de direita do Brasil, o PMDB. Setores do partido defendem legitimamente esta proposta para o Rio de Janeiro.
Já Lindberg, quadro importantíssimo da renovação partidária, para poder governar Nova Iguaçu, também, precisa costurar alianças com setores historicamente de direita, porque o PT tem somente 3 vereadores no município num conjunto de 21. Sua postulação ao governo do Estado também é defendida legitimamente por grandes companheiros.
O que não podemos deixar acontecer é cair no discurso despolitizante de defesa da ‘ética’, onde ambos se consideram ‘do bem’ enquanto acusam o outro de ser ‘do mal’. A base vem caindo nessa armadilha, o que está corroendo a vida partidária. O lado que ganhar vai levar tudo, na lógica do hegemonismo, o que perder, vai para casa, torcendo para o outro se esborrachar no primeiro poste. Não é assim que o PT do Rio de Janeiro vem se comportando nos últimos tempos? Mas não é assim que se constrói um partido democrático e socialista.
Por isso, o único ponto positivo da imagem dos ‘capas’ levantando entusiasticamente o braço de Eduardo Paes, dois dias depois da derrota do PT e do companheiro Molon, foi vê-los juntos.
A candidatura própria não é uma questão de fé. O PT deve enfrentar a complexidade das duas posições divergentes e debater alguns tabus:
No Rio de Janeiro, um único palanque, com o PMDB, seria mais favorável para a vitória de Dilma Rousseff? Não seria melhor se ela tivesse ‘vários’ palanques? Por que, nesta aliança, o PT vai ter um Senador, e o PMDB, além da outra vaga no Senado, o Governador e também o Vice? O Vice não deveria ser do PT, já que, na chapa nacional, o vice é do PMDB? O PT deve tensionar, como o PMDB faz em nível nacional, e não ficar a reboque do Governador e do Prefeito. A base social do PT não pode ser tratada como massa de manobra.
Como fica a candidatura de Lindberg, que já vem acenando com Wagner Montes para Vice? Em relação à atual política de segurança do governo estadual, além de ser temerário, é trocar seis por meia dúzia.
É compreensível que Lindberg faça alianças para governar, como vem realizando em seu excelente governo. Como Lula vem fazendo, no nível nacional e internacional, para realizar o governo mais importante da História do Brasil.
Afinal, qual é o projeto do PT para o Rio de Janeiro? Qual é a tática eleitoral adequada para o PT se fortalecer na sociedade? Como articular favoravelmente esta tática com o processo político nacional?
Entretanto, nas alianças eleitorais, temos mais amplitude para defender a democracia substancial com que sonhamos, que deve ser voltada para erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, objetivos da República Federativa do Brasil insculpidos no inciso III do artigo 3º da Constituição Federal. O PT deve aproveitar o PED parar mostrar, na prática, porque é o maior partido de esquerda do mundo.
André Barros, candidato a Presidente do DM-PT-RJ - Blog: http://andrebarrospolitica.blogspot.com/
Posição do Blog no PED
O editor deste Blog comunica que este espaço está aberto aos demais candidatos à Presidência do Diretório Municipal do PT-RJ para exporem as suas plataformas político-eleitorais, embora como militante e, por um longo período, ex-dirigente do partido já tenha feito a opção pela candidatura de Bob Calazans.
O PED é um processo nacional, e a candidatura de Bob Calazans está afinada com o apoio a chapa nacional Esquerda Socialista e a candidatura da deputada federal Iriny Lopes à Presidência Nacional do PT.
A exceção de chapas e candidaturas unitárias o critério de apoio do editor deste Blog se pauta por tal sintonia política, inclusive na disputa estadual e no apoio à candidatura do vereador André Taffarel à Presidência Estadual do PT-RJ, bem como as chapas e candidaturas zonais, como a de Joaquim Ferreira à Presidência da 2ª zonal (Grande Tijuca), e as candidaturas e chapas municipais no Estado, como a de André "Au Au" Barbosa, em Macaé (RJ).
E assim em relação à candidaturas e chapas pelo Brasil afora, como a de Macel Frison (RS), José Ricardo (DF),Tadeu Veneri (PR), Renato Simôes (SP), José Frisch (SC) e tantas outras que não chegaram ao conhecimento do editor deste Blog. Aquelas que correspondem a composições estaduais e/ou municipais, e não estão em completa sintonia com a política ora preconizada serão objeto de análise caso a caso.
Seria oportuno para o bom debate político, que tanto a candidatura de André Barros quanto a de Alberis Lima à Presidência do DM-RJ apresentassem aos nossos leitores as suas posições a respeito da disputa estadual e nacional do PED.
Saudações Petistas,
Flávio Loureiro, Editor do Blog Notícias do PT
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
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Valeu Flávio,
ResponderExcluiré uma grande honra ter o texto escrito por mim, Wallace e Calos Kalifa postado no seu importantíssimo blog. Vamos preparar um documento sobre as disputas estaduais e nacional. Respeito a sua posição e da sua corrente partidária, mas só queria dizer que na hora de votar, como ele é secreto e direto, lembre que sou um de seus maiores leitores. Grande abraço companheiro,
ANDRÉ BARROS
André,
ResponderExcluirAbaixo faço minha análise sobre o que realmente penso da conjuntura eleitoral e política tanto em nível nacional como em nível estadual do Rio de Janeiro. Gostaria se você achar que é relevante que levasse algumas dessas questões colocadas aqui para debate interno com a base, visto que você é uma liderança do PT. Eu sou apenas uma filiada modesta que torço para que as propostas positivas deste governo deem fruto para o futuro do Brasil. Acho que a maneira como as pessoas colocam a questão da ética do partido descolando da política é uma atraso e neste ponto concordo com você. Vamos ao que interessa:
nada contra a aliança PT-PMDB nos estados quando isso for possível o que não dá é fazer uma aliança sem preservar interesses partidários. Aliança pressupõe que ambas as partes vão ceder e não apenas uma delas. Minha pergunta é: o que garante numa aliança com o PMDB que iremos eleger um bom número de deputados e senadores do PT para enfrentarmos o Pós-Lula a partir de 2010? Será que nos estados em que o PT fará aliança com o PMDB como parece ser o caso aqui no Rio de Janeiro, os acordos partidários serão programáticos? E o PMDB do Rio de Janeiro sabendo que o PT não lançará candidatura própria, dará relevo, em contrapartida, a nossa candidatura para o Senado? São questões que a Direção Estadual do Rio de Janeiro deverá esclarecer tanto para o PMDB quanto para os filiados e militantes do PT.
Outra questão é essa figura extemporânea de partido hegemônico. Isso é coisa do tempo da guerra fria quando o mundo era dividido em bloco capitalista e bloco comunista. Está na cara, só não vê quem não quer, que o PT não é hoje o partido hegemônico no Governo Lula. O partido hegemônico do Governo Lula é o PMDB. O PMDB está mostrando a força que tem no Governo Lula. A aliança PT-PMDB não é uma aliança nem de centro-esquerda nem de centro-direita, é apenas uma sustentação para a governabilidade. Tirando a mídia, que é um partido de centro-direita, os partidos no congresso nacional estão sem identidade e sem debate político relevante, e como o Governo, através de sua liderança partidária , não se interessou em apresentar um projeto de reforma política ao Congresso Nacional, a tendência é a cada eleição, mais crimes eleitorais, mais crise política em cada coalização governista.
.A esquerda está paralisada no Brasil depois da crise de 2005. Está desencantada ou imobilizada, acredito. E os movimentos sociais, tirando alguns setores mais consequentes, estão quietinhos!. Enquanto isso, a imaginação de que somos partidos hegemônicos vira sonho surreal....Sei não, sei não, a Dilma pode até se eleger mas neste processo eleitoral não haverá PT hegemônico e tenho mais dúvidas que certezas se não sofreremos algumas grandes derrotas em bancadas estaduais e federais jamais vista vista desde que o PT existe em estados importantes como São Paulo, Rio e Minas. Não estou nada otimista para o PT. Porque Dilma e PT são duas entidades diferentes e são descoladas. Dilma tá pra Lula, assim como Lula tá pra Dilma, o eleitor vai em parte entender isso mas o PT não tem a mesma correlação de forças e por ser mais que o lulismo em termos de concepções" ainda que eleitoralmente menos expressivo que o lulismo, pode sair perdendo feio no pleito de 2010. Refiro a um parlamente renovado, com deputados e senadores de expressão, de opinião e não isso que estamos vendo, salvo algumas raras exceções. Agora se o PT está fazendo opções por alianças só no toma-lá-dá sem compromisso de programas, aí meu pessimismo aumenta. Significa que o PT pode perder sua identidade de partido que faz a diferença para se transformar,no futuro, um partido do mesmo tipo do PMDB na sua forma de tratar a política. Eu quero e almejo estar enganada quanto ao futuro do PT porque não tenho bola de cristal mas tenho faro político.
Myrna
Abraços,
Myrna