sexta-feira, 5 de março de 2010

A DISPUTA NO PT-RJ PELO SENADO

Evitar feridas*

Por Flávio Loureiro

O governador Sérgio Cabral PMDB), com o apoio do PT e do Palácio do Planalto, costura alianças para disputar a reeleição, num cenário complexo, já que despontam como seus principais adversários e ex-governador Anthony Garotinho (PR), muito forte no interior. e o deputado federal Fernando Gabeira (PV), que quase venceu as eleições para a prefeitura do Rio, que reúne mais de 40% dos eleitores do Estado do Rio.

Ao contrário de Garotinho que por hora parece isolado, a candidatura de Gabeira reúne em torno dela os principais partidos que fazem oposição ao governo federal, PSDB, DEM e PPS e que devem apoiar a candidatura do governador José Serra à Presidência da República, não obstante o apoio declarado do candidato do PV à candidatura de Marina Silva (PV) na disputa presidencial.

As pesquisas que se tem notícia registram a liderança do governador na disputa sucessória, mas seguido de perto por aqueles principais adversários, indicando um cenário de segundo turno no estado, caso não se alterem os percentuais atuais. Não é a toa que Cabral pressiona o PT e o Palácio do Planalto, para esvaziarem a candidatura de Garotinho, que se afigura como mais um palanque para a ministra Dilma Rousseff, candidata do PT a sucessão do presidente Lula.

O Partido dos Trabalhados, que após a eleição do deputado federal Luiz Sérgio à Presidência Estadual do PT-RJ e pressões do Palácio do Planalto sepultou a proposta de lançar a candidatura de Lindberg Farias, prefeito de Nova Iguaçu (município da região metropolitana do estado), que passou a apoiar a reeleição de Cabral, se concentra na definição de uma candidatura ao senado em coligação com o PMDB. Uma vaga é pleiteada pelo deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciane (PMDB), e a outra caberá ao PT indicar, segundo as tratativas iniciais.

O problema de tais tratativas é que existe uma conta que não bate. O que fazer com a candidatura do senador Marcelo Crivella (PRB) a reeleição, integrante do mesmo partido do vice-presidente da República José Alencar, que conta com a simpatia manifestada do presidente
Lula, ameaça compor com Garotinho e lidera todas as pesquisas até o momento realizadas? Um problemão para Sérgio Cabral!

No âmbito do PT se apresentam para a disputa do senado as candidaturas de Lindberg Farias e da secretária estadual de Ação Social, Benedita da Silva.

O primeiro perdeu a disputa para o governo do estado, mas saiu fortalecido para o senado, detém clara maioria entre os delegados eleitos para o congresso estadual do PT-RJ e conquistou a simpatia do governador Sérgio Cabral, por liderar uma parcela do PT favorável a candidatura própria. Enfim, porque soma.

A segunda carrega em seu currículo uma longa trajetória política, que inclui mandatos de vereadora, deputada federal, senadora, ministra e um mandato tampão como governadora do estado. Com efeito, é a petista mais conhecida do eleitorado fluminense, mas realiza uma gestão discreta a frente da secretaria que ocupa, acumulou muito desgaste, principalmente no seu breve período de governança do estado, e desde que lançou a sua candidatura não logrou obter uma sinalização positiva do governador Sérgio Cabral

A impressão que fica é que Lindberg Farias se encontra numa trajetória política ascendente, enquanto Benedita da Silva, apesar de estar à frente de Lindberg nas pesquisas, mas não muito, cumpre trajetória inversa.

Na correlação de forças interna do PT, produzida pela disputa do PED estadual a fatura já estaria liquidada a favor de Lindberg Farias, mas a candidatura de Benedita da Silva ganhou uma sobrevida com a sua indicação para a executiva nacional do PT e, principalmente, pela pressão dos seus aliados para a realização de prévias internas, retirando a decisão do congresso estadual do partido.

Caso essa proposta vingue, não abala o favoritismo interno de Lindberg, mas debruça o PT sobre uma nova e desgastante disputa interna.

Flávio Loureiro é militante do PT-RJ
*Artigo pulicado originalmente na Edição Eletrônica do Jornal Página 13


Lula apoia Crivella e complica disputa no RJ

Paulo de Tarso Lyra, de Brasília do Jornal Valor Econômico.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai apoiar o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) em sua campanha de reeleição ao senado. Lula avisou sua decisão ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), antes do Carnaval e complicou ainda mais a montagem do palanque estadual para a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff. Cabral já havia concordado em ceder uma das vagas do senado em sua chapa ao candidato do PT, mas quer lançar o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, como candidato do PMDB. No PT, a disputa entre a secretária estadual de Assistência Social, Benedita da Silva, e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, deve repetir a eleição apertada que definiu o novo presidente do diretório fluminense - Luiz Sérgio, apoiado por Benedita. Lula conseguiu convencer Lindberg a abrir mão de disputar o governo, o que facilita a reeleição de Cabral. Mas o gesto posterior - declarar o apoio a Crivella - complicou novamente o cenário.

"O Crivella foi leal comigo, já apanhou muito por minha causa e eu devo muito a ele", disse Lula a Cabral. Também pesou a proximidade de Crivella com o vice-presidente José Alencar, a quem Lula não pretende contrariar. Para um estrategista político do Planalto, a eleição para o senado fluminense passou a ser uma das mais difíceis do país após a decisão de Lula. Apesar de toda a máquina estadual, há dúvidas se Cabral terá a mesma facilidade de eleger Picciani se Lula, por exemplo, gravar uma mensagem de apoio a Crivella.

Cabral e Crivella lideram a disputa eleitoral na Baixada Fluminense

Cabral para o governo do Estado e Crivella para o Senado lideram as intenções de voto na Baixada Fluminense para as próximas eleições, segundo pesquisa do Instituto Mapear (registro nº 76661/2010), realizada em 12 municípios entre os dias 23 e 29 de janeiro, com 1.400 eleitores. O governador Sérgio Cabral (PMDB) tem 39,8% das intenções de voto contra 31,4% do ex-governador Anthony Garotinho (PR) e 11,5% do deputado federal Fernando Gabeira (PV).

Para o Senado, o senador Marcelo Crivella (PRB) está com 37,6% das intenções de voto. Em segundo aparece o ex-prefeito do Rio César Maia, do DEM (23,1%), seguido da ex-governadora Benedita da Silva (18,1%) e do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (17%). Como Bené e Lindberg disputam a indicação do PT, teoricamente o candidato petista, seja ele quem for, está disputando o segundo lugar na preferência dos eleitores da Baixada, já que a soma dos dois passa dos 25%.

Em tempo: 61,% dos eleitores da Baixada aprovam o governo Sérgio Cabral e 23,5% desaprovam.


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