quinta-feira, 29 de abril de 2010

DEPIMENTEL SOBRE A CAMPANHA DILMA

Não vejo problema no desempenho de Dilma, diz Pimentel
29 de abril de 2010 1OH17

Juliana Prado - Direto de Belo Horizonte

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, vive cada vez mais o papel de coordenador da campanha da ex-ministra Dilma Rousseff do que o de pré-candidato petista ao governo de Minas. Depois de dois dias de reuniões em Brasília com a cúpula petista para tratar do Estado e da candidatura presidencial, afiou o discurso sobre a candidata do presidente Lula. Para ele, não há falhas ou tropeços na postura de Dilma até aqui.

Nesta entrevista ao Terra ele comemora a decisão do PSB nacional de abandonar o projeto de ter Ciro Gomes candidato à Presidência. Fazendo coro com o que prega a coordenação da campanha petista, Pimentel reforça a tese de que a eleição será polarizada entre PT e PSDB. Às vésperas das prévias internas, em que concorre com o ex-ministro Patrus Ananias à indicação petista para disputar o Palácio da Liberdade, não mostra muito entusiasmo com a votação do próximo domingo (2).

Terra - Como fica a relação do PT com o PSB depois do acordo que retirou a candidatura Ciro Gomes?
Fernando Pimentel -
Eu não vejo problema no que aconteceu (fim da candidatura). Estamos indo bem. Tivemos um fato político muito relevante esta semana, o mais importante das últimas semanas, que foi a saída dele. Acredito que tenha sido uma decisão madura e soberana do PSB. Com isso fica agora melhor definido o quadro eleitoral. Esta é mesmo uma eleição polarizada. A candidatura da Marina Silva (PV) é mais uma marcação de posição para, de repente, abrir um espaço temático. Na verdade, temos dois candidatos em condições de vencer: Dilma e (José) Serra.

Terra - Pesquisas mostram que saída de Ciro acaba beneficiando Serra....
Fernando Pimentel -
Olha, se o Ciro fosse mantido candidato até o final não contribuiria para esclarecer o que está em jogo hoje no Brasil. E o que está em jogo é a continuidade ou não do projeto encabeçado pelo presidente Lula. O que interessa ao povo é saber se quer a continuidade ou não. O debate não é o que a gente quer fazer, mas o que se coloca. Hoje a gente vê o Serra com uma dificuldade imensa de encontrar um discurso. Afinal, ele é oposição, e não pode dizer que vai continuar o que o Governo Lula fez.... É um dilema terrível. O ponto de vista colocado é esse, a meu ver: queremos continuidade do que foi feito até agora ou não. Claro que o debate tem que avançar. Mas penso que o Brasil pode mais sim, principalmente depois das boas coisas que foram feitas nestes oito anos do Governo Lula.

Terra - E o sr. acredita que Ciro Gomes entra de cabeça na campanha de Dilma? Fernando Pimentel - O Ciro Gomes tem lado, e o lado dele é o nosso. Ele pode até estar um pouco magoado neste primeiro momento, mas ele virá - com toda segurança. É um grande quadro, um companheiro muito importante do Governo Lula.

Terra - Há quem já esteja incomodado com a postura da pré-candidata por falta de traquejo. O próprio presidente já teria pedido mudança de comportamento... Fernando Pimentel - Não sei de onde tiraram essa história de que o Lula chamou a ministra Dilma para falar sobre a postura dela. Estamos bem, conduzindo as coisas com a cautela necessária a uma campanha que tem suas peculiaridades sim. Ora, ela não é conhecida, precisa ficar conhecida, isso é claro. E essa fase de pré-campanha não ajuda muito porque você não pode fazer grandes eventos, caminhadas e não tem a exposição na TV. Mas não vejo problema no desempenho dela até aqui. Dilma é muito inteligente, tem rapidez para absorver e analisar quadros, ela é muito arguta, e isso compensa o fato de ser desconhecida, por exemplo.

Terra - A ex-ministra gravou programa de TV em Brumadinho, distrito de BH na terça-feira. Por que o mistério?
Fernando Pimentel -
Este material vai ao ar no dia 13 de maio. Ela veio a Minas com uma equipe de TV e não divulgou na agenda porque se tratava de assunto interno da campanha. Se você divulga não tem jeito de gravar, aparece imprensa...

Terra - O sr. participou de seguidas conversas e reuniões com a cúpula do PT nos últimos dias. Destas conversas alguma sinalização contra as prévias?
Fernando Pimentel -
Uma coisa está definida: nós vamos ter as prévias em Minas. O fato é que eu trabalhei para ter um acordo no Estado. Mas, a gente sabe que acordo só é possível quando os dois lados querem. Então vamos para as prévias. Trata-se de um recurso estatutário, regimental, e vamos definir o nome do PT que vai representar o partido na chapa majoritária. Acho que a coligação será aliada do PMDB. Claro que vamos negociar a cabeça de chapa. O (ex-ministro das Comunicações) Hélio Costa está na frente nas pesquisas, mas eu tenho condições de vencer as prévias e ser o candidato ao Governo. Venho de uma vitória interna no PT. Meu grupo ganhou no ano passado com o Reginaldo Lopes (eleito presidente estadual do PT), mas quero deixar claro que não vejo nenhum demérito na candidatura do Patrus (Ananias). No entanto, hoje sei que estou muito melhor posicionado.

Terra - Foi por acreditar que tem mais votos que o Patrus que o sr. não fez campanha no Estado? Ou por que não está mobilizado e empolgado?
Fernando Pimentel -
Nem uma coisa nem outra. Trabalhei sinceramente para que houvesse acordo. O PED (Processo de Eleição Direta) teve dois turnos e as forças políticas ao meu redor ganharam nos dois turnos. Na minha opinião, duas vitórias consecutivas do meu grupo já eram suficientes para mostrar isso, que podia haver acordo em torno do meu nome. Não houve desmobilização da minha parte. Esperava racionalidade do outro lado (do concorrente Patrus) para evitarmos todo este atraso nas negociações sobre o candidato ao Governo de Minas.

Terra - Foi atribuída uma frase ao presidente nacional do PT José Eduardo Dutra, de que "preferia um final horroroso (em Minas) do que um horror sem fim" para dizer sobre a realização das prévias.... Tem conhecimento disso?
Fernando Pimentel -
Não sei se ele falou.... Mas parece um pouco com o que ele está pensando sim. Eu quero é fazer justiça ao Dutra aqui. Ele foi solidário com o PT de Minas, não só comigo, mas com o PT todo. O Dutra veio a Minas, tentou negociar, fazer um acordo com o Patrus. Ele se esforçou, mas agora não tem outro jeito: vamos às prévias.

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