O PT do Rio deve pensar grande
Em postagem no dia 1º de abril este Blog sugeriu ao PT do Rio a realização de um debate programático, com vistas a qualificar a sua participação na campanha estadual de 2010, onde tudo leva a crer que o partido estará em aliança com o PMDB, apoiando a candidatura a reeleição do governador Sérgio Cabral.
Esta pelo menos é a sinalização dada pela maioria dos filiados do PT do Estado do Rio ao elegerem o deputado federal Luiz Sérgio Nobrega à presidência estadual do partido, reforçada pela inflexão do ex-prefeito Lindberg Farias rumo a disputa de uma das cadeiras ao senado, para o qual foi indicado pelo PT nas prévias realizadas no dia 28 de março.
O PT do Rio vive pela terceira vez a experiência de disputa ao governo do estado com candidato de outro partido. A primeira em 1986, com Fernando Gabeira, do Partido Verde, a segunda em 1998, traumática do início ao fim, com Anthony Garotinho, então filiado ao PDT, e a atual. A primeira e a segunda ocorreram em momentos políticos e partidários totalmente distintos, mas a despeito da análise que se faça de cada uma delas, a segunda e a atual guardam um ponto em comum: o PT realiza aliança com forças partidárias com muito maior cacife político que o seu no Estado do Rio.
Logo, a tendência é ser engolido caso não crie as condições de construir uma identidade partidária no curso do processo eleitoral e do governo que pode resultar desta aliança. Para isso, deve investir em conteúdo político-programático e capacidade de mobilização social, não na busca vã de impor aos aliados as suas proposições, mas para sinalizar para a cidadania fluminense que aspira mais do que ser um mero coadjuvante no cenário político estadual. O que certamente terá enorme influência junto a sua militância e no desempenho das suas chapas proporcionais e na candidatura de Lindberg Farias ao senado.
A realização de um seminário programático pode contribuir, não como panaceia, mas como intrumento de formulação de conteúdo e demonstração de capacidade do mobilização. Afinal de contas, a disputa política e ideológica contra a lógica mercantil disseminada no Brasil desde o advento do governo Collor, elevada ao paroxismo nas duas gestões de Fernando Henrique Cardoso, que trava o governo Lula, permanece viva e deve ser travada em cada trincheira, se é que os petistas fluminenses pretendem dar a sua contribuição para a continuidade do processo de mudanças iniciado com a eleição de Lula em 2002, que terá como ápice a desejada eleição de Dilma Rousseff, mas que a esse resultado eleitoral não se restringe.
Não faltam instrumentos para realizá-lo. A experiência de duas gestões do governo Lula e seus desdobramentos para a melhoria das condição de vida da população fluminense e na recuperação econômica e financeira do Estado do Rio, nas prefeituras que o PT administrou, administra e/ou participa, são legados que se o PT não traz para sí serão apropriados única e exclusivamente pelos partidos e gestores aliados.
O PT precisa aproveitar o momento pré-eleitoral, o interregno entre o seu encontro estadual, marcado para 25 de abril e o mês de julho, quando se inicia a jornada eleitoral, para criar um fato político que qualifique o seu discurso de campanha e valorize o seu legado na construção de políticas públicas, não obstante o fato de parte deste legado muitas vezes divergir do que foi gestado até aqui pelo governo Cabral, que guarda uma indisfarçável embocadura liberal.
Tal fato se traduz na realização de uma grande seminário programático que tenha na sua abertura a presença de Dilma Rousseff, do presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra e de figuras do primeiro escalão do governo federal, que junto com os seus gestores estaduais e municipais, dirigentes, militantes, intelectuais, sinalize para o seus aliados, para a sua base social e para a cidadania fluminense que o partido pensa grande, trabalha para forjar uma perspectiva de futuro e que a aliança que ora realiza no estado é parte de um projeto maior que dele exigiu concessões, mas que não esmaece a sua identidade política.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
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Concordo, será muito importante que o encontro estadual seja um importante espaço de discussão da conjuntura e das nossas propostas para o programa do governo, ainda mais que os encontros municipais acontecerão posteriormente e tal discussão ajudará o aprofundamento da militância que vem necessitando tanto de discussão e formação política como de motivação para uma campanha que quer e precisa ser vitoriosa
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