Na sexta, dia 11 de junho, o Diretório Nacional do PT revogou a decisão do Encontro Estadual do PT do Maranhão que deliberou pelo apoio à candidatura de Flávio Dino do PCdoB ao governo do estado. O recurso contra a decisão do Encontro Estadual foi feita pelo presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, e obteve 44 votos. Outros 30 membros votaram a favor da manutenção da decisão do Encontro e houve 1 abstenção, do secretário-geral José Eduardo Cardozo. Leia a seguir o passo a passo dessas decisão.
Uma vez aprovada a revogação, foram apresentadas duas propostas: a primeira, de apoio a Roseana Sarney; a segunda, de que o PT não apoiasse nem Dino nem Roseana. Esta segunda proposta contava com o apoio dos petistas maranhenses anti-Sarney, uma vez que era considerado um mal-menor.
O resultado desta votação praticamente repetiu os números da primeira a votação: 44 votos em defesa do apoio à Roseana Sarney; 30 votos pela posição de não apoiar nem Roseana nem Dino e 3 abstenções.(veja ao final desta matéria a integra da resolução aprovada).
Votou a favor do apoio à Roseana o chamado neo-campo majoritário composto por: Construindo um Novo Brasil – CNB, PT de Luta e de Massas – PTLM e Novos Rumos.
A Articulação de Esquerda desde o início do processo se colocou em defesa do apoio a candidatura de Flávio Dino.
Na reunião do Diretório Nacional, a Articulação de Esquerda E e os integrantes de outros grupos, como a Mensagem, Movimento PT, Militância Socialista, O Trabalho, Esquerda Marxista e Tendência Marxista, argumentamos:
- que houve um processo democrático;
- que a decisão adotada pelo encontro do PT do MA não ameaçava nosso desempenho nacional;
- que o palanque de Flávio Dino era 99% pró-Dilma;
- que o palanque de Roseana incluia o DEM, o PTB e o PV;
- que uma decisão pró-Sarney teria efeitos negativos, tanto no Maranhão, quanto no Brasil;
- que o histórico e o prontuário da oligarquia Sarney seriam utilizados contra nós.
Falaram em favor de revogar as decisões do Encontro: José Eduardo Dutra, Ricardo Berzoini, José Genoíno e André Vargas. Defenderam a manutenção das decisões do Encontro do PT do Maranhão: Maria do Rosário, Bira do Pindaré, Carlos Henrique Árabe e Estilac.
Após a derrota na primeira votação e, conforme combinado com os petistas maranhenses anti-Sarney, oferecemos uma alternativa de acordo: que o PT não apoiasse nenhum candidato a governador.
Nesta etapa do debate, argumentamos que a retirada do apoio à candidatura Dino já atendia, ao menos parcialmente, aos interesses da Roseana; e dissemos que não apoiar Roseana preservava o PT nacionalmente.
Infelizmente, mais uma vez prevaleceu outra lógica: em nome de aumentar as chances de vitória, se possível no primeiro turno, se fazem alianças que prejudicam o Partido e que reduzem as chances de elegermos governadores, senadores e deputados de esquerda, algo indispensável para que nosso terceiro mandato seja superior aos dois primeiros.
Falaram em favor de apoiar Roseana Sarney Candido Vaccareza e José Dirceu (aliás, foi sua primeira fala no Diretório Nacional: uma estréia muito sintomática). Falaram em favor de não apoiar nenhum dos dois candidatos a governador Elói Pietá e Valter Pomar.
Os argumentos do neo-campo majoritário repetiram o que já haviam dito na primeira rodada. Ou seja, não houve da parte deles nenhuma tentativa de acordo, nenhuma flexibilização.
Mas, tirante os mais realistas que o rei, os integrantes do neo-campo majoritário não estavam muito à vontade. Sua linha de argumentação foi a seguinte:
- a campanha Dilma é o centro de nossa tática;
- o cenário eleitoral não está tranquilo;
- precisamos consolidar e ampliar nossa vantagem eleitoral no Nordeste, para compensar nossa atual desvantagem no Sul-Sudeste;
- o Maranhão é eleitoralmente importante;
- é melhor ter um palanque do que ter dois palanques;
- o palanque Roseana Sarney é 100% pró-Dilma e tem mais potencial de ampliação;
- o palanque Flávio Dino não é 100% pró-Dilma e o PSDB vai estimular este palanque;
- o PT está dividido meio-a-meio no Maranhão e 50% quer apoiar Roseana;
- o DN tem o direito, dado pelo IV Congresso, de chamar para si a decisão final.
O que não foi dito, mas nos parece uma informação essencial: Sarney utilizou sua posição no Senado, exatamente no momento em que o pré-Sal estaria sendo votado, para fazer pressão em favor do apoio a Roseana.
A Esquerda partidária após a reunião
Após a reunião do DN, foi realizada uma reunião da direção nacional da Articulação de Esquerda, com a participação da companheira Terezinha Fernandes, militante da AE, ex-deputada federal e candidata a vice-governador na chapa encabeçada por Flávio Dino.
A opinião política unânime da Direção Nacional foi que a esquerda do PT do Maranhão deve lançar candidatos a deputado federal e estadual, oferecendo uma alternativa eleitoral para a base petista anti-Sarney.
Logo após foi realizada uma reunião entre as forças que defendiam a decisão do Encontro Estadual do PT do Maranhão. Se decidiu
Na opinião dos que estavam nesta reunião lançar um manifesto, explicando os fatos e nossa posição.
Leia a seguir a integra da resolução:
Resolução DN 10/06/2010 - Política de Alianças no Maranhão
Considerando as diretrizes estabelecidas no 4º Congresso Nacional do PT que definiu como objetivo princicipal de 2010 a vitória na eleição presidencial, com a candidatura da companheira Dilma Rousseff, para dar continuidade aos avanços do projeto democrático e popular liderado pelo Presidente Lula;
Considerando que o 4º Congresso estabeleceu, ainda,a respeito das eleições estaduais, que é de competência da direção nacional a deliberação, em última instância, sobre as questões de tática e alianças nos Estados;
Considerando a importância do PMDB na base aliada do nosso governo e na composição da coligação eleitoral nacional para as Eleições 2010;
O Diretório Nacional
RESOLVE
1. Aprovar a coligação estadual majoritária com o PMDB no Estado do Maranhão e à candidata ao Governo do Estado, Roseana Sarney;
2. Determinar à Comissão Executiva Estadual do PT do Maranhão, na realização de sua Convenção Oficial para a escolha de candidatos e aprovação de coligações às próximas eleições gerais, a observância das diretrizes estabelecidas na presente Resolução, em consonância às normas legais, bem como às normas estatutárias definidas no Capítulo I do Título V do Estatuto do PT.
Brasília, 11 de junho de 2010
Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
Nota do PCdoB sobre resolução do Diretório Nacional do PT de apoio a Roseana Sarney
Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (11), o PCdoB “lastima profundamente” a decisão tomada hoje pelo Diretório Nacional do PT em anular o apoio dado pelo PT do Maranhão à pré-candidatura do deputado federal Flávio Dino (PCdoB) ao governo estadual. “Tal decisão contraria os mais fundos sentimentos progressistas e democráticos dos maranhenses”, diz o documento, assinado pelo secretariado nacional do PCdoB.
Após saber da decisão petista, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, reiterou que a “candidatura de Flávio Dino vai além do PCdoB, pois representa, hoje, a exigência de amplos setores sociais e políticos do Maranhão que nutrem sentido anseio de renovação e mudança” na cena política maranhense.
Veja abaixo a íntegra da nota:
Nota da direção nacional sobre o Maranhão
O PCdoB dispôs de um de seus principais quadros políticos, Flávio Dino, membro da Comissão Política Nacional e do Comitê Central, para liderar a renovação ao governo do Estado do Maranhão. Em verdade, atendeu aos reclamos de amplos círculos econômicos, políticos e sociais maranhenses, e confluíram para o nome do deputado devido ao seu elevado preparo e competência, bem como à sua capacidade de liderança, dinamismo, aglutinação e compromisso. Por isso, recebeu apoio de inúmeras forças e segmentos partidários, notadamente o PSB, desde a primeira hora, e do PT, em decisão adotada em Encontro Estadual em 27 de março, acompanhado pela direção nacional desse partido e segundo as regras nacionais estabelecidas para a decisão.
A candidatura de Flávio Dino alinha e sintoniza o Maranhão com o que acontece com o Brasil sob o governo Lula. Flávio Dino passou a representar a oportunidade viável de renovação política, condição para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Estado. Em poucas semanas, seu nome alçou posições avançadas nas pesquisas de intenção de voto. Ao lado disso, empolgou vastas forças sociais para um segundo palanque para Dilma Rousseff à presidência, por uma vitória massiva no Maranhão.
Por essas razões, o PCdoB acreditou e acredita ser indispensável disputar o governo para fortalecer a eleição de Dilma com Flávio Dino.
A direção nacional lastima profundamente a decisão da direção nacional do PT, em desfazer o apoio dado pelo PT estadual a Flávio Dino. Tal decisão contraria os mais fundos sentimentos progressistas e democráticos dos maranhenses. O respeito e compreensão pelo fortalecimento dos partidos frentistas é uma premissa de qualquer aliança estratégica.
A candidatura de Flávio Dino no Maranhão é projeto de destacada importância nacional para o PCdoB. A direção nacional segue empenhada em sua viabilização. Diante do ocorrido, torna-se necessário consultar as bases sociais, as forças dos movimentos sociais e da sociedade civil, prefeitos, círculos econômicos empresariais e outros partidos no sentido de manter essa perspectiva de renovação no Maranhão, unindo forças e acumulando condições para sustentá-la.
Fonte: Site do Jornal Página 13
É lastimável esse posicionamento tomado pelo campo CNB dentro do DN.
ResponderExcluirÉ necessária uma mudança radical de postura dos membros do campo CNB, no que se refere as suas intervenções desrespeitosas com nossa companheirada do Maranhão atuante no PT e nos Movimentos Sociais.
Como diz o nosso programa "Quem manda no PT são as bases", e não é isso que eu vejo na postura da articulação, CNB, campo majoritário, DEMO do PT e/ou como queiram ser chamados.
Deixo aqui meu repúdio com o Zé Dirceu e cia, além da minha solidariedade com os petistas comprometidos com um projeto de de esquerda socialista para o Partido dos Trabalhadores.
Att,
Hugo Vilela - Executiva do PT Angra.