As versões sobre a estória do Dossiê
O Blog Notícias do PT publica duas versões sobre o suposto dossiê, extraídas dos Blogs de Luiz Nassif e de Luiz Carlos Azenha. Ficção e realidade caminham juntas nestas polêmcia. Onde está uma e outra é difícil definir. A de Nassif atribui a rescaldos da disputa tucana pela indicação do candidato do PSDB à Presidência da República, entre José Serra e Aécio Neves, já a de Azenha a uma disputa interna pelo comanda da campanha petista, entre o "PT paulista" e a coordenação atual. Em relação a esta versão, o editor deste blog enviou um comentário que foi publicado no Blog de Azenha e que reproduzo nesta postagem. As duas versões, apesar das diferenças, esmiuçam oss bastidores das duas campanhas que polarizam a disputa presidencial.
O saldo postivo desta polêmica é que a direção do PT rompeu a postura inercial e contemplativa, diante da ofensiva tucano-demonista-midiática, e decidiu interpelar judicialmente o candidato José Serra sobre as acusações que fez contra a candidata Dilma Rousseff, e o presidente do partido, José Eduardo Dutra, emitiu uma dura resposta (também reproduziada nesta postagem) às referidas acusações e aos seus porta-vozes.
O caso do suposto dossiê
Enviado por Luis Nassif, em 03/06/2010 - 04:28
Data de publicação:
03/06/2010
À primeira vista, não fazia lógica a história da divulgação do suposto dossiê contra a filha de José Serra, que estaria sendo armado pelo PT.
Primeiro, por ser inverossímil. Com a campanha de Dilma Rousseff em céu de brigadeiro, à troca de quê se apelaria para gestos desesperados e de alto risco, como a divulgação de dossiês contra adversários? Se a campanha estivesse em queda, talvez.
Além disso, os dados apresentados pela Veja, repercutidos pelo O Globo, eram inconsistentes. Centravam fogo em Luiz Lanzetta, que tem uma assessoria em Brasília que serve apenas para a contratação de funcionários para a campanha de Dilma – assim como Serra se vale da Insight e da FSB para suas contratações.
Serra atacou Lanzetta, inicialmente, através de parajornalistas usualmente utilizados para a divulgação de dossiês e assassinatos de reputação. Só que há tempos caíram no descrédito e os ataques caíram no vazio. Serviram apenas como aviso.
Aí, se valeu da Veja que publicou uma curiosa matéria em que dava supostos detalhes de supostas conversas sobre supostos dossiês, mas nada falava sobre o suposto conteúdo do suposto dossiê.
Serra e o ''novo dossiê''
Por Luiz Carlos Azenha, do Vi o o Mundo
É PT contra PT (na falta de um adversário mais capacitado)
Um amigo meu, muito bem informado sobre os bastidores da política paulista, me diz que uma seção do PT paulista está movendo guerra contra uma seção do PT brasiliense, se isso de fato existir. É a explicação para duas “reportagens” aparentemente inexplicáveis da mídia.
Uma, da revista Veja.
Outra, do jornal O Globo.
No Brasil é assim: a mídia mergulha de cabeça nas guerras políticas com o objetivo de beneficiar um dos lados. E se “esquece” de informar ao público, o que deveria ser seu primeiro objetivo.
O problema é que se a mídia fizesse o papel que se espera dela, nesse caso seria flagrada apoiando um dos lados de uma guerra de bastidores — e a mídia, como sabemos, é “isenta” e “imparcial”.
Temos, assim, que um dos grupos envolvidos na guerra política procurou a revista Veja com informações para detonar o outro grupo.
Isso mesmo, vocês ouviram bem: um dos grupos ligados ao PT foi a Veja vazar informações.
A Veja, obviamente, mergulhada até o pescoço na campanha de José Serra, usou as informações.
E o próprio candidato do PSDB veio a público, hoje (2 de junho), para tocar no assunto.
Essa tabelinha Serra-mídia é manjada e não ganha um voto sequer, nem em Higienópolis, nem em Brás de Pina.
Levou de volta uma resposta do presidente do PT.
Sim, tudo soa muito complicado, mas repito: um grupo do PT, querendo detonar outro grupo do PT, vazou informações à revista Veja, beneficiando assim o candidato da oposição que quer derrotar o PT.
É por isso que eu acredito que o Ciro Gomes tinha razão: a presença dele na campanha eleitoral seria importante para permitir aos eleitores escapar da dicotomia PT-PSDB.
Na ausência disso, talvez seja o caso de concluir, como concluiu meu amigo conhecedor dos bastidores: o PT paulista não faz falta.
PS: O tal “dossiê” estava no pen drive de um ex-repórter da revista IstoÉ. Não contém nada que a gente desconheça e diz respeito à sociedade entre a filha de Serra e Veronica Dantas, a irmã do banqueiro Daniel Dantas, que está amplamente documentada.
Comentário do Blog Notícias do PT
O Blog de Luiz Carlos Azenha, como outros como o de Luiz Nassif e do Paulo Henrique Amorim, para citar os mais conhecidos, cumpre relevante papel na democratização da informação no país, fazendo contraponto a mídia adestrada, a serviço da oposição conservadora ao governo Lula.
Sempre buscando divulgar o outro lado das notícias publicadas na grande mídia, oferece ao leitor elementos de análise que permitem diferenciadas interpretações do fato jornalístico, bem como divulga informações que não são de interesse editorial (comercial, ideológico) das principais revistas, jornais, rádios e tvs do páis.
A matéria em epígrafe trata de divergências internas ao PT na condução da campanha presidencial de Dilma Rousseff. A fonte de tais informações, é certo, deve estar envolvida na refrega, e transmite a sua impressão sobre os bastidores desta "suposta" disputa. E, acredito, seja uma fonte que possui com Azenha uma relação de confiança, ao mesmo tempo que interessada no desfecho da referida disputa.
Em função da autoria da matéria, postada no Blog Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha, um jornalista de inegável credivilidade, resolví cmentar dois problemas que nela identifico.
Um deles é demonizar e circunscrever regionalmente um lado da suposta disputa - após os episódios de 2005 e 2006 generalizar e demonizar o "PT Paulista" tornou-se um axioma - , já que a insatisfação com a condução da campanha de Dilma Rousseff, segundo as minhas fontes, colocam de um lado a personalização e de outro a coletivação da orientação sobre os rumos da referida campanha, quando a participação da estrutura de direção partidária, fundamental nas cinco campanhas presidenciais que Lula disputou. é reduzida a mera formalidade.
O outro é desdenhar da força da campanha de José Serra - "na falta de adversário mais capacitado", somando-se a um certo "salto alto" que se verifica no petismo, diante da performance eleitoral de Dilma Rousseff, constatada nas recentes pesquisas, realizadas muito antes do período em que o jogo eleitoral se inicia de fato, isto é, após a definição dos palanques estaduais, da primeira metade do horário eleitoral gratuito de rádio e tv, e da mobilização social em torno das campanhas presidenciais em disputa.
Mas o problema maior, sobretudo, é se de fato a suposta disputa levou a um desses grupos alimentar de informações os principais advversários da campanha Dilma Rousseff e do governo Lula. Aí se configura uma total ausência de perspectiva política e estratégica.
Prefiro investir na versão, que me veio no momento da conclusão deste comentário, que atribuir a estória do "dossiê" a disputa interna no comando da campanha petista, seja uma manobra diversionista para amenizar a exploração política que a campanha Serra faria em torno dele e o prejuizo que isso poderia causar a ascensão de Dilma Rousseff.
Dutra repudia declaração de Serra
O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, José Eduardo Dutra, repudiou a acusação infundada do pré-candidato da oposição, José Serra (PSDB), e lamentou o desespero da oposição que inventa supostos dossiês. Ouça reportagem sobre a entrevista do presidente do PT.
Leia a entrevista do presidente do PT:
"Primeiro, eu quero registrar aqui que lamento profundamente este tipo de declaração do candidato Serra. Eu só posso atribuir a talvez um grau de estresse acima do suportável, preocupado com eleição, talvez efeito de “pesquisite” aguda, algum tipo desta natureza. Porque olha, o site do PT foi invadido por talvez militantes, sei lá do PSDB que colocaram lá propaganda do Serra no site do PT. Eu nunca responsabilizei o Sérgio Guerra, presidente do PSDB, por este episódio.
"Rola na internet várias baixarias contra a candidata Dilma Rousseff, documentos que podem ser impressos, catalogados, colocados em uma pasta, por exemplo, e colocar Dossiê contra Dilma Rousseff. Nós nunca responsabilizamos o candidato Serra por isso, até porque seria uma profunda irresponsabilidade. Eu inclusive lamento. Ontem quando vi a entrevista do Sérgio Guerra, dizendo que iria cobrar explicações da Dilma a respeito do suposto Dossiê que teria não sei o quê... Eu defini como patifaria. Lamento pelo seguinte, porque agora o Serra faz uma acusação pior ainda, porque ele responsabiliza a Dilma. Como eu usei o termo patifaria em relação ao Sérgio Guerra, estaria obrigado a usar um termo mais agressivo contra o Serra. Como eu fui colega do Serra no Senado, o tenho em boa conta, então eu prefiro, vou só dizer que eu atribuo isto a um grau de estresse acima do suportável.
"Nós repelimos esta acusação! Não há nenhuma ação por parte do PT ou da coordenação da campanha no sentido de orientação, no sentido de encomenda, no sentido de autorização, no sentido de qualquer elemento que autorize qualquer pessoa do PT ou da campanha a desenvolver quaisquer ações no sentido de formação de dossiês.
"Nós repelimos essa prática e nós repelimos essas acusações. Nós lamentamos - e quero lamentar particularmente, porque passei por um debate com o candidato Sérgio Guerra no [jornal] Estado de São Paulo, onde houve um compromisso de que não inferia enveredar por baixarias – e nós lamentamos hoje, tentar jogar no nosso colo uma acusação de um suposto dossiê que inclusive o que me surpreende, é que vi no Blog do Noblat essa noite, o seguinte.
"Primeiro, colocou um post dizendo o seguinte: começa a vazar o dossiê contra Serra. E coloca o comentário de um leitor dele que faz referência a duas acusações contra o Serra. E depois diz o seguinte: Olha, eu havia postado, colocado esse post no blog, depois fui informado por um amigo que essas acusações estavam no Google e na internet há muito tempo. E mais, ele disse o seguinte: Consultei uma fonte que teve acesso ao suposto dossiê e essa fonte me confirmou que as tais acusações constavam do suposto dossiê. E pede desculpas porque na verdade essas acusações faziam parte.
"Eu só queria entender uma coisa. Tem um suposto dossiê, que teria sido encomendado pelos supostos aloprados do PT e descobre-se que este suposto dossiê tem informações que estão na internet há muito tempo. Eu comentei: olha, como eu estou lendo a biografia do Bussunda, eu só posso dizer: fala sério. Porque é o tipo de acusação absolutamente improcedente e que não tem qualquer sustentação na realidade. Se a oposição está tão desesperada assim, com falta de assunto, com falta de proposta, tenha santa paciência."
sexta-feira, 4 de junho de 2010
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