Tempo na TV coloca em risco aliança no Rio
Paola de Moura, do Rio
21/06/2010, valor econômico
Pela segunda vez em menos de um ano, o ex-prefeito Lindberg Farias ameaça a aliança do PMDB com PT no Estado do Rio. Unido ao atual governo e à campanha para reeleição do governador Sérgio Cabral, o PT regional ameaça sair da coligação porque Lindberg, agora candidato ao Senado, não teria o mesmo tempo de televisão de seu companheiro de chapa, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB). Com isso, o PT adiou para o dia 29 a convenção estadual do partido, prevista para acontecer no sábado.
No fim do ano passado, Lindberg brigou porque queria ser o candidato do PT ao governo do Estado. Dessa vez a confusão começou com os aliados. Pelo menos três dos 12 partidos que fazem parte da coligação que sustentam a candidatura de Cabral não querem dar seu espaço de televisão ao ex-prefeito. O primeiro a pular fora oficialmente foi o PSB. O presidente do partido, o deputado federal, Alexandre Cardoso, anunciou que não apoiaria Lindberg. Agora é o PTB de Roberto Jefferson e o PSC do deputado federal Hugo Leal que se negam a ceder seu espaço no programa eleitoral gratuito ao candidato. Explicação oficial não há, mas nos bastidores políticos contam que problemas anteriores enfrentados por Lindberg com estes partidos estariam provocando a debandada.
Enquanto isto, Lindberg joga com o interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ter o senador Marcelo Crivella como candidato forte no Rio e ameaça largar a coligação e sair para o Senado numa chapa independente que o uniria ao candidato do PRB. Crivella ainda quer mais, montar uma chapa completa com o deputado estadual Wagner Montes, do PDT, que por enquanto faz parte da coligação que apoia Cabral.
Jorge Picciani, principal articulador de Cabral na coligação, tenta acalmar os ânimos. "No dia 27, não há dúvida que vamos fazer a convenção que lançará Sérgio Cabral a governador, Picciani e Lindberg ao Senado. Não há hipótese de ser diferente", afirma.
No entanto, setores do PMDB já sonham com a oportunidade de agregar à coligação os militantes do PR do ex-governador Anthony Garotinho, trazendo para chapa o candidato ao Senado do partido, o deputado federal Manoel Ferreira. Isto porque as chances de o ex-governador se candidatar diminuem a cada dia. Depois de o Tribunal Regional Eleitoral tê-lo tornado inelegível até 2011 por abuso de poder econômico, agora ele também estaria impedido de concorrer porque o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei Ficha Limpa vale para os candidatos que tenham condenação colegiada, caso de Garotinho.
Comentário do Blog
Este debate foi feito na reunião do diretório estadual do PT-RJ, mas o adiamento da reunião para o dia 28 está mais ligado a definição final das suplências tanto de Jorge Picciani quanto de Lindberg, já que partidos da base de apoio da reeleição do governador Sérgio Cabral, como o PP e o PDT, estão na disputa, do que por conta da briga por tempo de TV.
Quem conhece sobre o assunto sustenta que não há hipótese de tempo diferenciado entre as duas candidaturas ao senado da mesma chapa, que a legislação é clara sobre isso. Além disso, a aliança PT-PMDB envolve a cessão do tempo de TV, o prestígio político do PT e de Lula, o crescimento eleitoral de Dilma Rousseff, para a candidatura de Cabral ao governo. O que, diga-se de passagem, não é pouca coisa.
A postura de alguns partidos que apoiam Cabral mas não a Dilma, pelo menos oficialmente, como o PTB de Roberto Jeferson e o PSC, bem como do candidato ao senado do PR, pastor Manoel Ferreira, que apoiam a candidatura José Serra. é previsível. O alvo é o PT e a sua candidata à presidência da República, a candidatura de Lindberg ao senado é apenas parte deste tiroteio.
O PSB está querendo coligação proporcional com o PT para a câmara federal e assembléia legislativa, mas a tendência dos petistas é disputarem a eleição com chapas próprias, daí a pressão e o anúncio de retirada de apoio a candidatura de Lindberg ao senado.
O fato é que Cabral, com a possível retirada de Anthony Garotinho da disputa ao governo, por conta da aprovação do projeto de Lei da Ficha Limpa, que o TSE entende valer já para estas eleições, se sente fortalecido e conta com uma iminente eleição já no primeiro turno, o que pode levá-lo a minimizar a importância do PT na sua aliança, e permitir ou incentivar tais movimentações, não necessariamente para retirá-lo da aliança, mas para enfraquecê-lo.
Já pelo lado do PT, o apoio a reeleição de Cabral só foi aprovado, por conta da aliança nacional com o PMDB e o apoio deste partido a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Portanto, se aquelas movimentações prosperarem e se Cabral estiver de fato por trás delas, o partido pode não ter alternativa a não ser abondonar a aliança formal em torno de Cabral e seguir com o apoio a candidatura de Lindberg, só que agora em dobrada com Marcelo Crivella, ao senado, os candidatos de Lula no Rio. Quem perde mais com isso, só saberemos no dia 3 de outubro.
terça-feira, 22 de junho de 2010
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