Lula apoia Crivella e Lindberg; Cabral apoia Picciani e Lindberg
Pedro do Coutto
Na noite de quarta-feira, no horário eleitoral da televisão, em matéria de eleições para o Senado pelo Rio de janeiro, o presidente Lula apoiou enfaticamente as candidaturas de Marcelo Crivella e de Lindberg Farias, lembrando que os eleitores podem votar em dois candidatos. Logo a seguir, no espaço do PMDB, o governador Sergio Cabral revelou seu empenho pela vitória de Jorge Picciani e também de Lindberg.
O fato (duplo) provocou uma confusão tripla. Primeiro a bancada do PMDB na ALerj dirigiu-se ao governador pedindo a ele que pense melhor seu apoio, pois assim estaria previamente condenando Picciani à derrota. Mas Sergio Cabral não pode mais retirar a gravação do ar, nesta altura em poder de Lindberg. Porém pediu que toda a bancada e os prefeitos da legenda cerrem fileiras em torno do presidente da Assembléia Legislativa.
Enquanto isso, o Tribunal Regional Eleitoral, através de liminar do Juiz Antonio Augusto de Toledo Gaspar, segundo publicaram a Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, não se sabe por iniciativa de quem, proibiu que o presidente da República se manifeste em favor de Crivella, que é do PRB, partido do vice presidente José Alencar. Através do advogado Fernando Setembrino, o candidato da Igreja Universal, entrou com recurso sustentando – aliás com razão – que, no plano federal, o PT de Lula está em coligação com o PRB na campanha de Dilma Rousseff.
Ganhará o recurso, creio eu, sobretudo porque o Tribunal Superior Eleitoral a 12 de agosto aprovou uma súmula decidindo que Luis Inácio da Silva pode participar de programas de adversários nos planos estaduais, desde que o candidato objeto do apoio pertença a uma legenda coligada nacionalmente ao PT. Este é exatamente o caso do PRB de Crivela. A liminar, assim, está errada.
Considerando-se que o presidente da República certamente vai reiterar sua adesão às candidaturas Crivella e Lindberg, e que o governador Sergio Cabral vai manter seu apoio a Picciani, mas não poderá retirar a declaração que já destinou ao ex-prefeito de Nova Iguaçu, o panorama para o Senado pelo RJ passa a tender no sentido da reeleição de Marcelo Crivella e da eleição de Lidberg. Sem dúvida.
Hoje, de acordo com as recentes pesquisas do IBOPE e Vox Populi, o Bispo da Universal e Cesar Maia estão na frente. Mas os levantamentos foram feitos antes da disputa entrar maciçamente na TV e no rádio. O quadro deve mudar, penso eu. Em primeiro lugar, porque Gabeira não pediu votos para Cesar. Em segundo porque o presidente Lula provavelmente se empenhará para derrotar o ex-prefeito do Rio, apontado como o organizador da vaia que recebeu no Maracanã na abertura dos Jogos Panamericanos de 2007. Em terceiro porque, também de acordo com O Estado de São Paulo de 19 de agosto, começou uma crise no PSDB e no DEM no estado em face de nos seus espaços não terem incluído propaganda de José Serra. A campanha de Cesar Maia vai sofrer os reflexos dessa falta de sintonia. A de Jorge Picciani também. Vamos ver o que revelam as próximas pesquisas para os efeitos das contradições no eleitorado se faça sentir.
Em tempo de voto e de povo, as reações são inesperadas e difíceis de reverter. Como pode, por exemplo, o juiz Toledo Gaspar conceder liminar contrariando uma súmula do TSE? Se tivesse lido a reportagem de Felipe Seligman e Lucas Ferraz, na FSP de 13 de agosto, talvez sua disposição fosse diversa. Por essas e outras é que é importante a leitura diárias dos jornais. E não só dos jornais, agora dos sites também. Há empresas especializadas em clippings tanto das páginas quanto das telas da internet.
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