O crescimento do lulismo no Rio Grande do Sul, e a mudança do cenário como um todo, parece não ter sido percebido pelos peemedebistas. Foto: Nabor Goulart
O PMDB entrou em estado de alerta total esta semana. O crescimento de Dilma Roussef e a queda rápida de Serra, concomitante com elevação dos índices de Tarso Genro (PT) e a queda de José Fogaça (PMDB), apontando a possibilidade de vitória do petista no primeiro turno, colocaram em xeque a estratégia da campanha feita agora.
Dividido entre uma ala pró-Serra – basicamente os deputados federais do partido – e uma ala pró-Dilma, reunindo a ampla maioria dos prefeitos, o PMDB gaúcho paralisou-se diante do cenário nacional. Para não ter que optar por nenhum lado, Fogaça desenvolveu a tese da “neutralidade ativa”, lavando as mãos diante das eleições presidenciais e apostando num descolamento da dinâmica política regional no segundo turno.
O crescimento do lulismo no Rio Grande do Sul, e a mudança do cenário como um todo, parece não ter sido percebido pelos peemedebistas. Fogaça entrou na campanha falando em fazer uma “mudança com todas as forças”. Mas ao não se posicionar em favor de Dilma, o eleitor começou a questionar o seu discurso.
Afinal, para os olhos do eleitor, mudança com todas as forças quem está fazendo de fato é o Lula – o natural seria então apoiar a candidata do presidente. Mas Fogaça, prisioneiro da diáspora do PMDB gaúcho, ficou em cima do muro e já colheu uma queda de oito pontos no Ibope (veja matéria anterior).
O que as pesquisas não vão mostrar – Diante do perigo de nem ir para o segundo turno, as lideranças do PMDB resolveram colocar as diferenças internas num segundo plano e arregaçar as mangas na campanha.
Tem sido visível nos últimos dias nas ruas de Porto Alegre a reação dos peemedebistas. Como não conseguiu unir-se com um discurso propositivo, agora o PMDB está “somando forças” para sobreviver e tentar levar as eleições para o segundo turno.
O primeiro sinal de mudança na estratégia de José Fogaça foi a decisão de alterar, na prática, sua coordenação de campanha. Em que pese o deputado Mendes Ribeiro haver mantido o posto formal de coordenador, o secretário geral do PMDB, e também deputado, Eliseu Padilha, passou a dirigir a campanha.
Os movimentos iniciais são no sentido de acordar as bases e ir às ruas, mas é provável que as pesquisas deste final de semana ainda não revelem efeitos desta reação. Primeiro, porque ela é recente e interna ao partido. Segundo, porque o discurso de campanha ainda não foi alterado de modo visível para o eleitor e talvez nem venha a ser. Fogaça apenas fez ajustes, colocando imagens de Lula em seu programa eleitoral, e dizendo que gosta de Dilma, de Serra e até de (vejam só!) Eymael, o democrata cristão.
Simon quer nova Revolução Farroupilha – Pedro Simon, presidente do PMDB gaúcho e principal liderança do partido no Rio Grande do Sul bem que tentou, mas não conseguiu. Faz alguns dias, quando os números começaram a bater na porta, Simon defendeu o voto Dilma-Fogaça. “O melhor para todos é Dilma como presidente e Fogaça como governador do Rio Grande do Sul”, declarou. No dia seguinte, choveram protestos dos deputados serristas. Simon recuou, disse que disse, mas não disse, que talvez quisesse dizer ….
“Queremos quase que fazer uma nova Revolução Farroupilha. …. Esse é o fio da nossa caminhada – afirmou o Senador. E talvez aí resida o maior problema do PMDB e de quase todos os políticos gaúchos.
O PMDB ainda pode levar a eleição para o segundo turno. Tem força para isso, mas só força já não é mais suficiente. O PMDB terá de acertar a mão nas próximas três semanas e torcer para o PT errar, botar salto alto etc…
Definitivamente, nesta eleição, o eleitor gaúcho não quer ser do contra nem separatista. O eleitor gaúcho foi ganho pelo lulismo e quer um encontro com o Brasil. E esse problema a campanha de Fogaça não tem como resolver. Pelo menos, não agora. Resta saber se a unificação de seu exército será suficiente para levá-lo ao segundo turno e tentar recomeçar o jogo do zero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário