O ex-secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza da Bahia, Valmir Assunção, que inicia em fevereiro o mandato como deputado federal, revelou que pretende representar os interesses do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no Congresso Nacional, mesmo que para isso tenha que entrar em conflito com um correligionário do estado, Afonso Florence, ministro do Desenvolvimento Agrário.
“Eu sou parlamentar do Partido dos Trabalhadores e Afonso também, mas eu tenho uma característica que é ser do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. O MST por sua natureza sempre questionou e enfrentou o latifúndio e vai continuar fazendo isso. Eu como um militante do movimento tenho mais é que defender e apoiar as decisões do MST. Se isso vai criar conflito com Afonso esse não é o meu problema, a minha questão é lutar para fazer a reforma agrária. A dele é executar a política de governo. Para mim, favorecer a reforma agrária significa fortalecer o movimento sem terra, as caminhadas e ocupações que eu defendo e apoio” afirmou à reportagem do Bocão News.
Assunção ressaltou que as expectativas com relação a atuação de Florense são as melhores possíveis, até porque, quando ele assumiu o ministério prometeu garantir a manutenção do canal de comunicação com os movimentos sociais organizados e também com o empresariado ligado ao setor.
Mas o parlamentar, por sua vez, aponta que “entre a expectativa e a realidade tem uma distância muito grande”, disse Assunção.
Florence já havia se comprometeu, inclusive, com outros pontos tidos como polêmicos como a revisão dos índices de produtividade no campo.
O novo ministro afirmou à imprensa que “a revisão dos índices de produtividade, assim como outras providências para modernizar o meio rural brasileiro, é do interesse do país”. Depois, disse que, se a revisão for necessária, o ministro Rossi [Wagner Rossi, da Agricultura], “com o profissionalismo que o caracteriza”, assim também procederá.
Ocupações
No inicio do mês, integrantes do MST ocuparam quatro prefeituras de cidades baianas – Itabela, Itamaraju, Prado e Mucuri, todas no sul do Estado – cobrando investimentos em educação. De acordo com Edineide Xavier, integrante da coordenação estadual, a jornada acontecerá nas localidades onde o movimento possui acampamentos e assentamentos. “Sofremos com a ausência de escolas com infraestrutura adequada e com a inexistência de formação específica para os educadores do campo. Outro problema grave é a má qualidade do transporte escolar oferecido pelos municípios, o que coloca em risco a vida de nossas crianças”, disse.
Assunção apoiou a decisão do movimento que representa. “No mês de dezembro o MST promoveu uma reunião em Vitória da Conquista e tirou como definição ocupar as prefeituras quem não tem cumprido com o processo de educação básica, que não estão construindo escolas ou não tem feito estradas de acesso aos assentamentos, não tem contratado os professores, não tem criado as infraestruturas educacionais dentro dos assentamentos. Porque uma coisa é ocupação de terra e outra coisa é o assentamento legalizado, nesses espaços a responsabilidade é do município promover as políticas educacionais e outras voltadas para o assentamento. O MST só teve esse caminho que foi ocupar as prefeituras legitimamente”, concluiu.
Em tempo: o deputado federal recém eleito não descarta a possibilidade de concorrer internamente para ser candidato do partido nas eleições municipais de 2012.
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