Vaga de vice na chapa de Paes em 2012 vale ouro
Como já está certo que o prefeito vai tentar a reeleição, quatro petistas estão na disputapela chance de concorrer à Prefeitura a seu lado se a aliança com o PMDB se concretizar
POR JOÃO ANTÔNIO BARROS
Rio - As eleições municipais de 2012 prometem uma disputa inusitada no Rio de Janeiro. Em vez da briga acirrada pela vaga de prefeito,
o cargo mais disputado nos bastidores é o de vice na chapa de Eduardo Paes (PMDB). Bem cotado para ser reeleito no primeiro turno,
Paes desanimou a concorrência e transformou a vaga de vice na sua chapa no objeto de desejo dos partidos. O PT larga na frente com
quatro candidatos querendo se tornar o segundo homem mais importante da cidade.
Do quarteto, o líder do governo na Câmara Municipal, vereador Adilson Pires, leva vantagem. Além de ter bom trânsito com Paes,
é visto como bom de voto na Zona Oeste — região onde o prefeito patinou no primeiro turno em 2010.
O adversário que poderia desbancar Pires é o secretário estadual de Meio Ambiente Carlos Minc, à certa altura, preferido do governador
Sérgio Cabral para formar a chapa com Paes. Mas Cabral andou dizendo em público que gostaria de vê-lo candidato a vice-governador
ao lado de Luiz Fernando Pezão na disputa do governo estadual, em 2014. A estratégia seria uma tentativa de fazer Lindbergh Farias
desistir de candidatura própria em 2014 — em entrevista a O DIA, o senador do PT pelo Rio declarou que quer ser governador do estado.
Correm por fora o secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar, e o deputado estadual Gilberto Palmares. Mas os quatro sabem que a
aliança é o embrião da parceria com o PMDB que setores com mais força no PT esperam fazer nas próximas eleições. Tanto que o presidente
licenciado do partido no estado, o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, estuda replicar a dobradinha em vários municípios.
“É natural, na aliança construída no Rio, que o PT participe como vice na chapa de Paes, ainda mais numa coalizão que governará a cidade na
Copa do Mundo e nas Olimpíadas”, sustenta Luiz Sérgio. Para o ministro, a aliança não impede a candidatura própria em 2014.
Minc, que diz ser um equívoco pensar em 2014 agora e desconversa quando o assunto são as intenções de Cabral para seu futuro, sai na frente
para costurar alianças com o PMDB para disputar prefeituras no estado. Uma opção é São Pedro da Aldeia, hoje governada pelo partido de Paes.
Outras duas são Silva Jardim e Mesquita, que têm prefeitos do PT. Também há possibilidade de coligação nos outros sete municípios comandados
pela legenda de Minc: Belford Roxo, Conceição de Macabu, Maricá, Paracambi, Petrópolis, Santa Maria Madalena e Teresópolis.
“Essas alianças dependem de fechar a parceria no Rio”, diz Minc.
A quem pensa que a vaga de vice pode ser atalho para a cadeira de prefeito, Paes já mandou recado: não vai largar o cargo na metade do
mandato para disputar a sucessão de Cabral.
O PMDB também sonha com uma chapa puro-sangue. Dois nomes são cotados. Um seria por indicação do ex-deputado e atual presidente do partido
no estado, Jorge Picciani, que adoraria ver um dos filhos (Leonardo ou Rafael) no cargo. O outro seria o secretário da Casa Civil do município, Pedro Paulo.
Indio da Costa deve apoiar prefeito
Nos bastidores, os nomes de candidatos de outros partidos à vaga de vice são apresentados, mas sem grandes chances de fazer dobradinha com Eduardo Paes.
Ex-candidato a vice na chapa do presidenciável José Serra, Indio da Costa é um destes nomes. Ele trocou recentemente o DEM pelo PSD, saiu da oposição e
deve apoiar Paes — seguindo exemplo do PPS.
O senador Marcelo Crivella (PRB) é apontado como um nome que seria capaz de levar a disputa no Rio para o segundo turno. Mas tem contado aos amigos que
deve desistir e estuda apoiar o atual prefeito na campanha à reeleição.
‘Aliança é algema de ouro’
O PT ainda não decidiu quem será o indicado para vice na chapa de Eduardo Paes, mas só em ouvir falar da aliança, um grupo de petistas lançou campanha pela
candidatura própria à Prefeitura do Rio. À frente, está o deputado Alessandro Molon, para quem a parceria só beneficia o PMDB.
“É um erro grave o PT não ter candidato na segunda mais importante cidade do País. E o projeto do Paes não é o projeto do PT. É totalmente diferente.
É uma estratégia errada do PT. Esta aliança é uma algema de ouro. Ela brilha e te ilude. Na verdade, ela te amarra, te prende”, analisa Molon.
O deputado enxerga na aliança entre Eduardo Paes e o PT um perigo para o futuro do partido.
“Vai virar força auxiliar do PMDB, o que já fez o partido perder votos na última eleição”, garante.
Se Minc é o preferido de Cabral é meu também.
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