sábado, 25 de julho de 2009

SOBRE O SOCIALISMO CHINÊS E VIETNAMITA

Teorias

Escrito por Wladimir Pomar
20-Jul-2009

A respeito da análise do socialismo com características chinesas, ou vietnamitas, alguns setores da esquerda aceitam as teorias a granel dos pensadores liberais. Segundo elas, a China e o Vietnã já teriam se tornado capitalistas, só faltando liquidar ou transformar seus partidos comunistas, assim como os Estados que eles comandam.

Essas teorias não aceitam que seja socialista um país que, em seu processo de desenvolvimento, utilize mercado, propriedade privada e integração ao mercado mundial capitalista, mesmo em combinação com planejamento estatal, propriedade estatal, propriedade coletiva, industrialização e agricultura familiar. Afirmam que essas aparências de socialismo estão, na verdade, subordinadas ao processo de expansão capitalista.

Se a China e o Vietnã houvessem afundado sob essa sopa aparentemente eclética, se seus partidos comunistas e seus Estados nacionais não continuassem afirmando estarem na fase inicial da construção socialista, e fizessem como os russos e europeus do leste, que admitiram o capitalismo como sua salvação, talvez não se devesse perder tempo com suas experiências.

No entanto, ao contrário dos países que seguiram a cartilha do Consenso de Washington, tanto a China quanto o Vietnã estão se transformando de países atrasados, durante boa parte do século 20, em países avançados e desenvolvidos. A China, em especial, que iniciou mais cedo as reformas em seu socialismo, está ingressando paulatinamente num estágio de país desenvolvido, enquanto o Vietnã evolui para se tornar um novo "tigre" asiático.

Além disso, para evitar que o uso dos mecanismos de mercado crie pobreza e miséria, os Estados chinês e vietnamita intervêm na economia e na sociedade, realizando os ajustes necessários para reequilibrar a distribuição da renda e proporcionar um crescente acesso de sua população aos bens materiais e culturais. Temos, então, um problema que afeta aos pensadores, tanto liberais quanto socialistas.

Aos primeiros, porque pode demonstrar a possível existência de uma economia de mercado não dominada pelo capital, embora com este presente. Isso explica, em grande parte, o sucesso da China e do Vietnã no enfrentamento da atual crise mundial, em especial em sua capacidade de criação de novos postos de trabalho e realocação dos desempregados. Mas deixa as teorias liberais em frangalhos.

Aos segundos, porque pode demonstrar que o socialismo é realmente um processo de transição para a superação do capitalismo. Suas funções básicas seriam: a) desenvolver as forças produtivas, inclusive com a utilização de formas de propriedade capitalistas; b) desenvolver mecanismos de redistribuição permanente da renda, de modo que o enriquecimento se estenda paulatinamente a toda a população; c) desenvolver a democratização política em consonância com a democratização educacional, cultural, econômica e social, de modo que o saber, a renda e a propriedade sejam de acesso universal.

Tudo isso deixa em transe certas teorias de socialismo igualitário, mas também do liberalismo.
Wladimir Pomar é escritor e analista político.

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