" ...Vamos lá rapaziada, tá na hora da virada vamos dar o troco ...", Gonzaguinha.
Há várias semanas, a direita brasileira sustenta uma ofensiva político-midiática, cujo lance mais recente é a cobertura da grande mídia nativa e os posicionamentos de lideranças partidárias conservadoras a respeito da crise política-institucional de Honduras.Um inventário dessa ofensiva do conservadorismo brasileiro, inclui desde fofocas, para as quais a mídia concede estatuto de escândalo, como nas leviandades da ex-secretárioa da Receita Federal, Lina Vieira, passando pelo destaque conferido a saída da senadora Marina Silva do PT, pelas reações agressivas a ação ambientalmente saneadora do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pela ameaça de instalação de CPI para investigar o MST e pela campanha contrária a indicação do advogado geral da União, José Tofoli ao Supremo Tribunal Federal.
O tratamento dado ao confilto de Honduras é escandaloso, desde a foto distribuída pelas agências internacionais mostrando o presidente Manuel Zalaya dormindo na sede da embaixada do Brasil, até a utilização do eufemismo "governo de fato" para evitar chamar pelo nome o governo golpista de Honduras, além das defesas nem tão dissimuladas do golpe, em função de Zelaya defender a realização de um plebiscito para a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte Livre, Soberana e Democrático.
O que conduz a duas constataçõe curiosas e supreendentes: A primeira é o quão retrógradas são as elites brasileiras e seus aparelhos de hegemonia, quando rompem pela direita com a dinâmica de seguir a posição norte-americana em conflitos internacionais, agora que o presidente Barak Obama e a secretária de Estado, Hilary Clinton, condenam o golpe em Honduras. A segunda é que elas (as elites) só tratam a sério a democracia quando servem aos seus interesses de manutenção das coisas como estão e da reprodução da sua hegemonia.
Convocar assembléiass contituintes foi a saída democrática encontrada por governantes de países como a Bolívia, Equador e a Venezuela, que sucederam governos obscurantistas, corruptos e autoritários, pelo simples fato de constatarem a impossibilidade de se promover reformas de caráter popular profundas em seus países, diante da legislação que encontraram ao assumirem, também produto das elites locais. Se todo poder emana do povo, axioma que simboliza o chamado Estado Democrático de Direito, qual o problema de convocá-lo sempre que as cincunstâncias históricas exigirem, como numa radical mudança de paradigmas de governo?
Por ter avaliado não haver correlação de forças favorável para tanto, o governo Lula ao não perseguir, logo que erigido pelo voto popular, a convocação de uma Constituinte, que produzisse uma profunda reforma no Estado brasileiro, seja do ponto de vista político, tributário ou fundiário, paga uma alto preço político para garantir a sua governabilidade
O governo brasileiro já indicou a "senha" com uma posição altiva e democrática em relação ao que ocorre em Honduras e ao depositar total solidariedade ao presidente deposto, Manuel Zalaya. Cabe a parcela da sociedade civil - partidos, sindicatos, intelectualidade e movimentos socias - comprometida com os avanços democráticos conquistados no Brasil e na América Latina, responder a altura a tais agressões, e reagir a vaga de reação que se revela cada vez mais ousada.
Flávio Loureiro, jornalista
Comentário do deputado Gilberto Palmares (PT-RJ)
Caro Flávio
Concordo.
O central, independente do comportamento ou intenções de Zelaya, é que ele foi eleito democràticamente, e,derubado por um golpe.
O governo Lula age corretamente, assim como lá atrás, tambem lutou contra a tentativa de golpe contra Hugo Chavez.
Acho que o Pt estadual está, tanto nesta questão, como no debate do pré- sal extremamente tímido.Enquanto isso a direita vai agindo cada vez de forma mais despudorada.
Hoje(25-set), vários artigos, começam a tentar justificar o golpe hondurenho.Um deles,assinado por Francisco Weffot, ex-ministro da cultura de FHC.
Temos que nos dois temas, levar o debate a população, mostrando , no caso hondurenho a conduta de Lula em defesa do estado democrático de direito na coso Hondurenho. E, em prol da soberania nacional , no caso do Pré- Sal.
Parabens pelo blog. Tenho um mais recente. Gilbertopalmares.wordpress.com
Comentário de Guilherme Scalzilli
Faces do golpismo
Há duas atitudes aparentemente distintas perante o golpe de Estado hondurenho.Uma destila o tradicional veneno antidemocrático, de retórica agressiva e valores distorcidos. Encontramo-la no udenismo renovado que aflorou no vácuo moral das classes médias urbanas. Para a vertente, Zelaya caiu porque mereceu, porque o "chavismo" deve ser combatido a porrete.A outra face, enganadoramente inofensiva, escuda-se na apatia manhosa do pior provincianismo. Prefere a omissão do colonizado jeca, escancarando a banguela, tirando o chapéu para o painho estadunidense. Tem vergonha de ser brasileiro e defende que o país ocupe seu lugar na latrina do mundo subalterno. Convenientemente ignóbil, não "consegue" perceber que as próximas eleições hondurenhas vão justamente sacramentar o golpe, tornando-o irreversível e impune.Ambas as posturas são complementares e indissociáveis. Mescladas nas diversas gradações combinatórias possíveis, constituem o estofo ideológico de todo movimento golpista: sempre há uma vanguarda atuante, apoiada na massa de manobra servil, que lhe garante a ilusão da legitimidade.É importante entender esse mecanismo em funcionamento durante episódios externos e distantes, para reconhecê-lo quando operar em nosso próprio ambiente.
Faces do golpismo
ResponderExcluirHá duas atitudes aparentemente distintas perante o golpe de Estado hondurenho.
Uma destila o tradicional veneno antidemocrático, de retórica agressiva e valores distorcidos. Encontramo-la no udenismo renovado que aflorou no vácuo moral das classes médias urbanas. Para a vertente, Zelaya caiu porque mereceu, porque o “chavismo” deve ser combatido a porrete.
A outra face, enganadoramente inofensiva, escuda-se na apatia manhosa do pior provincianismo. Prefere a omissão do colonizado jeca, escancarando a banguela, tirando o chapéu para o painho estadunidense. Tem vergonha de ser brasileiro e defende que o país ocupe seu lugar na latrina do mundo subalterno. Convenientemente ignóbil, não “consegue” perceber que as próximas eleições hondurenhas vão justamente sacramentar o golpe, tornando-o irreversível e impune.
Ambas as posturas são complementares e indissociáveis. Mescladas nas diversas gradações combinatórias possíveis, constituem o estofo ideológico de todo movimento golpista: sempre há uma vanguarda atuante, apoiada na massa de manobra servil, que lhe garante a ilusão da legitimidade.
É importante entender esse mecanismo em funcionamento durante episódios externos e distantes, para reconhecê-lo quando operar em nosso próprio ambiente.