terça-feira, 13 de outubro de 2009

A CRISE NOS TRENS E A OMISSÃO DO GOVERNO

Guerra nos trens: respeito a população trabalhadora e um novo projeto para o Rio

Por André Taffarel *

Recentemente o Estado do Rio de Janeiro e a sua capital tiveram uma importante conquista simbólica, o direito de sediar os jogos olímpicos de 2016, disputando com cidades do chamado primeiro mundo – Chicago/EUA, Tókio/Japão e Madri/Espanha.

A conquista desse direito é comemorada, mas também é objeto de questionamentos e preocupações. Teremos capacidade de organizar evento de tal grandeza? Os recursos servirão para impulsionar as práticas esportivas no país e estas contribuirão para dar cidadania e tirar da exclusão milhões de jovens? O dinheiro e as obras vão melhorar a vida da maioria da população?

Esta semana (iniciada no dia 05/10) tivemos a demonstração de que as preocupações procedem. Por dois dias observamos novamente o desrespeito da empresa SuperVia com a população mais pobre da região metropolitana – o povo da Baixada Fluminense.

Importante lembrar que esse desrespeito conta com a benevolência do governador Sérgio Cabral, que faz vista grossa para a má qualidade dos serviços de transporte urbano no estado. São trens, ônibus e barcas sempre lotados, atrasados, com manutenção precária, tarifas caras e nenhuma fiscalização do poder público.

O Brasil conheceu um pouco mais a rotina de grande parte do povo trabalhador do Rio de Janeiro. Mas é importante relembrarmos que além de trem que não aparece sem avisar, a SuperVia também trata a população como gado, como nas cenas das chicotadas. Também são comuns acidentes com trens, barcas e ônibus envolvendo passageiros e vítimas fatais.

Duas lições importantes podemos tirar de mais esta crise do transporte público fluminense. Primeiro, temos uma oportunidade para repensar a dinâmica concentradora e elitista das políticas públicas no estado e na cidade. A segunda lição, intrinsecamente relacionada a primeira, é a necessidade de termos governantes que façam o Estado cumprir o papel fiscalizador, inclusive no transporte que é uma concessão pública.

Nessa perspectiva é que os acontecimentos nos trens da SuperVia desta semana reforçam a necessidade de um Projeto Popular e de Esquerda para o Rio de Janeiro, que trate a população trabalhadora com dignidade e que de fato democratize as políticas e ações do poder público. Esse projeto só se viabiliza hoje com a candidatura própria do PT ao governo estadual.

André Taffarel, vereador, presidente da Câmara Municipal de Mesquita e candidato a presidente estadual do PT-RJ

Comentário do Blog

Em artigo recente, publicado no Blog do Flávio Loureiro, o caos no sistema de transporte metropolitano foi tratado, como fator inibidor para que o Rio se qualificasse para sediar grandes eventos, como a Copa de Mundo do Futebol de 2014, e as Olimpíadas de 2016, em seguida explodiu a crise na Supervia, para ilustrar tal realidade.

Outras crises virão certamente, na medida em que o problema não é de gerenciamento, mas da total falta dele. Quando se trata concessão pública de atividades essenciais para a população como um negócio, o resultado final é verificado no balanço e na rentabilidade do negócio, não através da qualidade do serviço prestado. Quando a qualidade com rentabilidade é possível, ótimo! Qaundo não é, às favas a qualidade!

Se o retorno do investimento ainda não compensa em rentabilidade o capital investido, reduz-se o investimento, corta-se custos. Cortar custos em áreas de transporte ferroviário: reduzir o números de trens e vagões, ampliar o intevalo entre as composições, economizar na obtenção e manutenção do material rodante e sinalização, pode conduzir tanto a queda na qualidade dos serviços, como se assiste comumente, quanto a tragédias.

Se a tudo assiste o poder públco concedente, no caso em tela o governo Sérgio Cabral, sem tomar medidas proporcionais ao tamanho do problema, junto a empresa concessionária, pelo contrário, é capaz de autorizar aumento de tarifas, como fez recentemente com a Barcas S/A, alvo de CPI na Assembléia Legislativa do Rio, para apuração de denúncias de irregularidades e quebras de contrato, só resta ao usuário e à população fluminense torcerem para que uma tragédia não ocorra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário