terça-feira, 20 de outubro de 2009

A VALE, O BRASIL E O GOVERNO LULA

A Vale e o Governo Lula

A polêmica criada a partir das cobranças do governo federal sobre a Cia Vale do Rio Doce e demais empresas que atuam no Brasil no setor de mineração e siderurgia revela de forma cristalina as diferenças de concepção entre o passado, marcado pela política de desmonte do Estado iniciada pelo governo Collor de Melo elevada ao paroxismo nos oitos anos de governança de Fernando Henrique, e o presente (futuro), marcado pela busca de inserção soberana do país no contexto internacional do governo Lula.

O passado, de Eugênio Gudim, no período pré revolução de 30 quando o Brasil era um mero agro-exportador, à Fernando Henrique olha o Brasil como eterno fornecedor de matéria prima e, agora, commodities para o centro desenvolvido do planeta e o presente sabe que o país para ocupar espaço internacional não basta uma eficiente diplomacia e um presidente carismático, mas se inserir em áreas estratégicas vinculadas ao desenvolvimento tecnológico e a produção do saber.

Uma conhecida colunista do jornal O Globo escreveu que o presidente da Vale, Roger Agneli - que age como dono da empresa, não como o seu principal executivo e que sabotou o esforço nacional para a superação da crise econômica -, não deve ceder às pressões do governo e sim dar satisfação aos acionistas majoritários e minoritários da empresa. O que revela até que ponto é capaz de chegar a ignorância subalterna dos chamados formadores de opinião da imprensa nativa.

Não esta se tratando aqui de fabricante de sabonetes ou de peças de vestuário, e sim de uma empresa que vive de explorar o solo brasileiro, que alcança seus lucros e distribui os seus dividendos explorando territórios que são concessão da União, que por onde passa torna o chão que pisa imprestável para o futuro e paga pouco de royalties por isso. Esta se tratando aqui de uma empresa que possui entre os seus principais acionistas os fundos de pensão de empresas estatais e o BNDES.

A ignorância subalterna desconhece que as grandes nações desenvolvidas, alcançaram tal nível a partir da relação de cooperação entre Estado e empresas privadas. Ou se ignora o papel de empresas como General Eletric, General Motors, Ford como alavanca da expansão do prestígio norte-amercano no mundo e do Plano Marchal desencadeado pelo governo dos Estados Unidos, até então uma promessa de potência econõmica, para a reconstrução da europa no pós guerra, que levou essas e outras mais empresas para aquele continente, bem como da indústria cinematográfica americana na expansão dos seus valores ao redor do planeta. Sem falar do papel de empresas como a Toyota, a Mitusubish a Honda etc, para alavancagem do soerguimento de um derrotado e humilhado Japão no mundo?

Essa polêmica traz de volta, embora o presidente Lula negue peremptoriamente, o debate sobre a reestatização da Vale, vendida por um valor aquém do seu potencial econõmico na esteira do processo de privatização desencadeado por Fernando Henrique, e uma grave contradição, já que se por um lado a maioria dos movimentos sociais são favoráveis a que a empresa retorne ao controle público-estatal, no interior do PT há poderosas posições divergentes em relação a tal intenção. Já que setores atuantes no interior do partido ligados ao "mercado" e aos fundos de pensão, cujos executivos também agem de olho mais nos dividentos que reforçam o caixa daqueles fundos e os seus proventos, do que num projeto de desenvolvimento nacional - não é por acaso que o presidente da República acaba de passar um "pito" público em Sérgio Rosa, direitor da Previ (Fundo dos funcionários do Banco do Brasil -, atuam sistematicamente para que esse debate não seja conduzido no partido.

Além disso, a Vale, sob controle privado, tornou-se algo que a legislação brasileira não permitia quando estatal, uma influente financiadora de campanhas eleitorais dos principais partidos que atuam na cena política brasileira e de muitos parlamentares, o que se afigura num pujante lobby contra a sua reestatização, além da complexa operação financeira para viabilizá-la nos termos possíveis nesta conjuntura política. O que retoma também o debate sobre a reforma política e da proibição do financiamento privado das campanhas eleitorais, que vire e mexe entra e sai da pauta do congresso nacional.

No bojo deste debate onde o governo brasileiro está correto em exigir da Vale responsabilidade social e de instrumento de alavancagem do desenvolvimento tecnológico do país, que possuia quando estatal, colocou-se um "bode na sala" que é o suposto interesse do empresário Eike Batista de ampliar a sua participação na empresa e destronar Roger Agneli da presidência. Só que a biografia do empresário em nada contribui, já que emergiu para a cena empresarial a partir da influência que o seu paí. Eliezer Batista, ex-ministro das Minas e Energia e ex-presidente da Vale, mesmo fora da empresa permanecia exercendo sobre ela, principalmente na área internacional, por ser o principal fiador da expansão da empresa por mercado japonês e europeu. Um caso típico de tráfico de influência privado no setor público, que contribuiu para enfraquecer este setor e fornecer subsídios para a sua privatização.

Flávio Loureiro, jornalista.

Um comentário:

  1. Respeito a liberdade de opinião de todos os amigos. independente de ser do PT, PSDB, DEM,etc. acho que a discussão colabora com o crescimento da nação. porém, não podemso esquecer que a ação estatizante não é bem vista e fica mal para os olhos de qualquer país, a exemplo da Venezuela. o Sr. Chávez sabe que,uma hora o dinheiro do petróleo vai acabar e,mesmo assim enxota o capital estrangeiro. amigos: regulamentação é uma coisa, apropriação é outra. se o Brasil fizer o ato ILEGAL de reestatizar a Vale, que Lula disse 'ser um ato ilegal'(a reestatização) a empresa perdeira seu valor de uma hora para a outra. afinal,agora que o brasil está sendo conhecido por uma política pró-investimento estrangeiro, vem a Esquerda extremista é quer trazer uma espécie de comunismo? isso vai colocar o poder de modo descentralizado. a Vale foi vendida por 3 Bilhões de Reais,mas faturava 40 milhões anuais. o poder público brasileiro revelou-se um péssimo administrador,onde entra quem é amigo de companheiro,e não quem é eficiente. infelizmente,uma empresa muito poderosa,a exemplo da Petrobras, na mão de qualquer governo, já é muito perigoso. imagina duas? ficaria mal para o país. aí,depois a gente pára de crescer,começa a dever e vai culpar os EUA porque não querem ajudar os países em desenvolvimento. ah, essa Esuqerda...

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