segunda-feira, 8 de março de 2010

PT NOS ESTADOS DEVE OPTAR POR PRÉVIAS

No Rio, uma candidatura a "quente" e outra a "frio"

O novo Diretório Nacional do PT se reuniu nessa última sexta-feira pela segunda vez - a primeira foi para eleger a sua direção executiva -para encaminhar assuntos pendentes do IV Congresso Nacional do Partido, produzir uma resolução sobre conjuntura, onde responde aos ataques da grande nídia que o partido, o governo Lula e a candidatura da ministra Dilma Rousseff é amiúde alvo (postada neste blog, dia 06/03) , e deliberar sobre recursos relacionados a realização de prévias para candidaturas majoritárias em Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato Grosso ao senado, Minas Gerais e Distrito Federal ao governo do estado.

Sobre este assunto, à luz da exigência prevista no seu estatuto de realização de prévias quando houver mais de uma candidatura a cargos majoritários, limitou-se aprovar uma recomendação para que aqueles diretórios estaduais buscassem construir acordos, que evitassem aquelas consultas diretas aos filiados, que poderiam causar danos a unidade interna do partido, num momento político em que todos os esforços são realizados rumo a construção das condições políticas para eleição da ministra Dilma Rousseff à Presidência da República.

Salvo em Minas Gerais, onde se busca o consenso na disputa interna entre as candidaturas ao governo do estado do ex-prefeito de BH, Fernando Pimentel, e do ministro do Desenvolvimento Social, Patrús Ananias, mas há também movimentações do Palácio do Planalto em torno da desistência deles, em direção ao apoio a candidatura do ministro das Telecomunicações, Hélio Costa (PMDB), no sentido do destacado no final do parágrafo anterior; no restante dos estados o PT caminha para realizar prévias para definição da candidatura petista.

A exceção do Distrito Federal, o que há em comum em algumas dessas prévias iminentes? A vocação hegemonista de setores ligados a corrente majoritária do partido, Construindo um Novo Brasil (CNB), em submeter ao partido nomes como o do deputado federal Carlos Abicalil (MT), do secretário estadual da Cidades, Humberto Costa (PE) e da secretária estadual de Ação Social, Benedita da Silva (RJ), em detrimento das candidaturas, respectivamente, da senadora Serys Serassenko, do ex-prefeito de Recife, João Paulo Lima e Silva e do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (RJ)

Sobre Benedita versus Lindberg trataremos no final deste artigo. No caso dos demais, ambos - Serys e João Paulo Lima e Silva - estão melhores posicionados nas pesquisas, sendo que João Paulo após duas gestões bem avaliadas na prefeitura de Recife, elegeu o seu sucessor com facilidade no primeiro turno e desponta como uma liderança ascendente no seu estado. Enquanto Costa amarga sucessivas derrotas em campanhas majoritárias. A última, após se afastar do ministério da saúde sob acusação - da qual foi recentemente absolvido -de envolvimento com a "Mafia dos Vampiros", para o governador do estado Eduardo Campos (PSB), na qual sequer alcançou o segundo turno. Vale destacar que ambos - Costa e Abicalil -, como o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, não desejavam prévias, uma vez que asseguraram maioria nos respectivos encontros estaduais do partido.

Em certa medida não estavam errados, porque o regulamento do Processo de Eleições Diretas do PT (PED) apontava para a definição da tática eleitoral do partido nos encontros estaduais, mas já na disputa mineira tal contradição se revelara, na medida em que Fernando Pimentel defendia que o resultado do PED local definisse o candidato do PT ao governo, enquanto Patrus Ananias postulava pela realização de prévias internas.

Não obstante ser reconhecida como uma norma estatutária, o tema foi a voto no diretório nacional do partido. Os deputados federais João Paulo Cunha (SP), José Genoíno (SP) e Lindberg Farias defenderam que os encontros estaduais prevalecessem sobre as prévias, mas a maioria, liderada pelo presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, com apoio inclusive da esquerda petista, fez prevalecer a norma estatutária.

O resultado deste debate garante sobrevida as pretenções dos virtualmente derrotados nos encontros estaduais. Já que numa prévia não se envolve somente a lógica de divisão das forças intenas do partido, mas o perfil de candidatura para uma determinada disputa , a preferência dos aliados e sua viabilidade eleitoral. Muito embora a depender da forma que for conduzida, pode redundar na fragmentação do partido na disputa eleitoral que se avizinha.

No caso do Rio, em condições normais de temperatura e pressão, deve prevalecer o nome de Lindberg Farias ao senado, muito embora a sua conduta na reunião do diretório nacional do partido não o ajudasse muito, pois ao concentrar seus esforços na busca de interlocutores na própria CNB - uns inclusive têm mais simpatia por sua candidatura do que a de Benedita da Silva - que encaminharam contra o estatuto, deixou de costurar um acordo pela realização de prévias no Rio antes do prazo de desincompatibilização dos cargos executivos, previsto para primeiro de abril. Portanto, corre o risco de ir para o tudo ou nada. Deixar a prefeitura de Nova Iguaçu, sem ter assegurada a sua vaga ao senado. O que ele pode não considerar ruim, mas para o partido, sim.

O que conta a seu favor, além da correlação de forças produzida no PED estadual, é que a sua candidatura é construída a "quente", no bojo de uma disputa interna onde percorreu o estado e levou a candidatura polêmica, com pouca história partidária e cheia de arestas de Lourival Casula ao segundo turno da disputa a presidente do PT contra o deputado federal Luiz Sérgio. Além disso, conclui uma gestão exitosa na prefeitura de Nova Iguaçu, cidade que ingressou de forma definitiva no noticiário nacional e no orçamento da União ao longo da sua gestão, e desponta como uma nova liderança política no estado, a despeito da complexidade do seu comportamento pouco afeito a disciplina partidária e um tanto quanto imprevisível e bizarro.

Por outro lado, a sua oponemte, Benedita da Silva, é uma candidatura lançada a "frio", no bojo de uma discreta gestão na secretaria de Ação Social do estado, da lealdade dos seus correligionários e do apoio de setores que por diferentes razões têm cismas com Lindberg. Uma liderança que revela fadiga, pois mesmo há muito tempo lançada ao senado jamais empolgou o virtual aliado do PT nesta eleição, o governador Sérgio Cabral (PMDB), nem sequer ostentou índices de preferência nas pesquisas proporcinais a sua longa biografia política, que a aproximasse dos líderes que aparecem em todas até o momento realizadas: o senador Marcelo Crivella e o ex-prefeito do Rio, César Maia.

Pelo contrário, ostenta poucos pontos percentuais a frente da candidatura de Lindberg Farias. O que se afigura vantagem para o prefeito de Nova Iguaçu - que ingressou nas pesquisas lá embaixo e cresce a cada uma realizada - , se registrado o nível de conhecimento maior que Benedita possui junto ao eleitor fluminense, graças a sua longa exposição política e eleitoral, iniciada com a eleição para vereadora em 1985, depois deputada federal (Constituinte) , senadora, disputas da prefeitura em 1992 e 2000 (então vice-governadora), mandato tampão de governadora, disputa ao governo do estado em 2002 e ministra no início do governo Lula.

EM TEMPO: O editor deste blog acabou de ser informado que as prévias do PT do Estado do Rio para o senado foram aprovadas pela executiva estadual do partido, por unanimidade, para o dia 28/03, com inscrições de pré-candidatos até 2ª feira, e 4 debates.

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