quinta-feira, 1 de abril de 2010

PT-RJ: NA ORDEM DO DIA O DEBATE PROGRMÁTICO

E o partido vai realizar um encontro estadual festivo

O encontro estadual do PT-RJ, marcado para o dia 25 de abril, terá como pauta única a aprovação da nominata de candidaturas proporcionais a assembléia legislativa e à câmara federal e o debate sobre o tempo de propaganda eleitoral de rádio e tv, segundo deliberou recentemente a direção do partido.

Como ainda haverá um pouco mais de dois meses para completar as referidas nominatas, já que ambas estão distantes de preencher as, respectivamente, 105 e 69 vagas que cada partido tem direito de lançar àquelas duas casas legislativas no Estado do Rio, e que o debate sobre tempo de rádio e tv está subordinado aquele preenchimento, a tática eleitoral a ser adotada pelo partido e aos detalhamentos de divisão de tempo que não cabem num evento de apenas um dia, será um encontro inconcluso, mas que, segundo a direção do partido, promete ser festivo, embora não se saiba ao certo o que festejar.

A aliança com o PMDB e o apoio à reeleição do governador Sérgio Cabral? Neste ponto fico com o PT do Maranhão que deliberou por apoiar a candidatura ao governo do deputado federal Flávio Dino, filiado ao PCdoB, um aliado histórico do PT no campo democrático e popular, a partir do rechaço ao apoio a reeleição da governadora daquele estado Roseana Sarney (PMDB, mas até recentemente filiada ao DEM).

A indicação de Lindberg Farias ao senado? Fato político da maior importância que de certa forma compensa o apoio à reeleição de Cabral, mas que está longe de justificar um encontro festivo. Quem sabe até lá Dilma Rousseff ultrapasse José Serra nas pesquisas, desde que não realizadas pelo Datafolha ou Ibope, mas ainda é o início de uma longa caminhada, que não cabe ser festejada antes da hora. Não se festeja, tampouco se lamenta resultado de pesquisas antes da hora, uma parte do PT do Rio caiu nesta armadilha e deu no que deu.

O maior ausente deste encontro que tende a ser inconcluso, porém festivo (?), revelando um autismo partidário impressionante, é o necessário debate programático que envolve a aliança eleitoral com o PMDB do governador Cabral. Se os petista fluminenses verterem os seus olhos do próprio umbigo para a situação do estado e, principalmente, da sua região metropolitana, que concentra mais de 70% da sua população, constatarão que há muito o que discutir e propor à aliança do ponto de vista programático.

É de conhecimento público que o principal mote que conduziu o PT a apoiar a candidatura do atual governador é a aliança nacional com o PMDB e o apoio deste partido a candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff. A capilaridade nacional desse partido - mesmo dividido, com uma parte apoiando a candidatura de José Serra -e o tempo que dispõe no horário eleitoral certamente foram ingredientes decisivos para a afirmação de tal tática eleitoral.

Mas isso não justifica que os petistas fluminenses, malgrado o conjunto de realizações conquistadas pelo estado em parceria com o governo Lula e a posição estratégica que o Rio ocupa na geopolítica eleitoral do país para a eleição de Dilma Rousseff , virem as costas ou se abstraiam dos problemas graves que a gestão Cabral não se dispõe a atacar e, em aguns casos como a área de transportes, logrou piorar, como fica cristalino na ação dos mandatos estaduais petistas de Alessandro Molon e Gilberto Palmares, que realizaram ontém um debate sobre o tema na sede do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio.

É curioso que a ação de dois influentes mandatos petistas na área de transportes - Palmares é secretário estadual de organização do PT e Molon foi candidato do partido a prefeitura do Rio -que envolve diretamente mais de 70% da população do estado, subsidiada por profundos conhecedores do setor, inclusive do ponto de vista meramente técnico, não inspirem o partido a pautar o debate de fôlego e a produzir propostas sobre o assunto para encaminhar aos partidos que comporão a aliança em torno da campanha a reeleição do atual governador.

E isso pode ser reproduzido para outras áreas como saúde, educação, segurança, meio ambiente, assistência social, cultura, em algumas houve avanços e em outras retrocessos, onde não só parlamentares, mas trabalhadores, dirigentes sindicais, usuários e especialistas - petistas ou não - têm muito a contribuir. Tal mobilização não só credencia o partido, como também amplia a sua nfluência e o reaproxima de uma parcela estratégica da cidadania fluminense que são os formadores de opinião.

Sequer conhecer a fundo o que se acumulou na participação petista nas duas áreas em que atua na administração estadual- assistência social e meio ambente -, nas do município do Rio - desenvolvimento econômico solidário e habitação- e nas administrações municipais dirigidas ou com forte participação de petistas, é objeto de curiosidade da direção estadual do partido. O que revela desleixo com as próprias intenvenções públicas produzida pelos petistas.

Mais do que tais e importantes discussões setoriais, debater as perspectivas do Estado do Rio em sí, como propôs para São Paulo ontém o presidente do Ipea, Marcio Pochamann, em artigo publicado na Folha de São Paulo, disponível no Blog do Flávio Loureiro, num momento em que o discussão sobre o regime de exploração do Pré-Sal e a política de repasses dos royalties da produção de petróleo atingem em cheio os interesses de financiamento da atividade pública e do desenvolvimento do próprio estado, é uma necessidade inadiável

Um processo de construção de um programa eleitoral e de gestão pública, por mais qualificado e bem intencionada que seja quem esteja a frente desta tarefa e por mais representativo que seja o diretório do partido, na tradição do PT é um processo participativo, pois só se obtendo para ele a adesão de diferentes setores sociais envolvidos na sua elaboração - parlamentares, gestores, trabalhadores e ativistas sindicais, representações de usuários, intelectuais - com os diversos temas do debate, é capaz de lhe conceder a legitimidade necessária para se impor com força no debate sucessório estadual de 2010.

Um comentário:

  1. De Neirobis Nagae, ex-prefeito de Angra dos Reis e ex-deputado estadual do PT

    ALIANÇA ESTADUAL

    Passada a disputa pela vaga de candidato ao Senado, o PT entra em outra fase eleitoral. Chegou a hora de estabelecer, com muita clareza, os objetivos da aliança com vista ao próximo período do governo estadual, com Sérgio Cabral (não pode servir apenas para garantir palanque para a Dilma junto com Sérgio Cabral).
    Estabelecidos os objetivos, a próxima ação será desenhar um método para construir esta aliança com o PMDB, e outros. Concomitantemente, é necessário formular políticas públicas (projetos e programas) que queremos sejam implementadas pelo próximo governo estadual.
    O planejamento deve começar por uma análise profunda da atual aliança: Seu modelo e seus resultados (positivos/negativos).
    Os nomes dos que vão compor o futuro governo estadual, e os "postos" que serão ocupados (vice??), são importantes, mas NÃO PODEM ser os únicos a serem considerados na aliança, pois esta forma de fazer aliança é rasteira, é menor, e não condiz com os princípios defendidos pelo Partido dos Trabalhadores. De mais a mais, não podemos mais aceitar que o PT continue à reboque do Sérgio Cabral, da forma como tem sido até aqui.
    Para ilustrar, levanto dois assuntos fundamentais:

    1) GEOGRAFIA ADMINISTRATIVA: o governador Sérgio Cabral repete todos os seus antecessores, quanto à atuação geográfica: Ele se comporta mais como um “prefeito” dos municípios que formam a região metropolitana, do que como um “governador de todo o estado”. Ele mantém a tradição de dividir o estado em dois grandes blocos: a região metropolitana (que concentra a maioria dos eleitores do estado) VERSUS interior. O PT precisa contribuir para modificar esta lógica. Um exemplo concreto: A estrada RJ 155 (Angra a Barra-Mansa) recebeu apenas pequenos reparos no piso e sinalizações vertical e horizontal. Entretanto, dada a sua importância para o desenvolvimento econômico da região sul do estado, e para a integração de tal região com o Vale do Rio Paraiba e com o sul de Minas Gerais, ela deveria receber atenção especial de modo que tivesse o seu traçado refeito, ampliado e equipado, nos moldes da RODOVIA DOS IMIGRANTES que liga São Paulo à baixada santista (só lembrando que a Imigrantes foi inaugurada em 1974!!!). Angra foi escolhida, pela EMBRATUR, como um dos sessenta destinos de turismo internacional, dentre os milhares destinos turísticos que existem no Brasil, e esta estrada é fundamental no desenvolvimento do turismo de toda região sul do estado, em geral, e de Angra dos Reis, em particular, sem falar de sua importância estratégica dentro do plano de evacuação em caso de sinistro nas Usinas Nucleares.

    2) EDUCAÇÃO: Tomando como exemplo o Colégio Estadual Dr. Arthur Vargas (CEAV), que é o maior do litoral sul do estado, quase nada melhorou. A educação continua uma lástima. Parece que não existe governo. O PT é o partido de maior acúmulo na área da educação. Não podemos abrir mão de implementar projetos e programas nesta área. É necessário levar a sério a meta estabelecida pelo MEC de que no ano do bicentenário da Independência do Brasil, os estudantes do ensino fundamental atinjam o nível dos estudantes do primeiro mundo, com a média 6.0 no IDEB. Estamos atrasados nessa corrida!!! E por aí vai.

    Concordo com o Flávio Loureiro de que “debate programático está na ordem do dia” para o PT. Como proposta objetiva, faço eco à opinião do José Marcos Castilho (ex-prefeito de Angra), de que o novo presidente do Diretório Regional, o companheiro Luiz Sérgio, organize uma reunião com representantes dos Diretórios Municipais, dos prefeitos do PT, dos vices do PT e dos vereadores do PT com um único objetivo: ANALISAR A ALIANÇA ATUAL, SEU MODELO, SEUS RESULTADOS (positivos/negativos) de modo que se extraia, daí, informações que permitam que esta segunda aliança que se avizinha, tenha mais qualidade. Não podemos abrir mão da qualidade técnica nem dos avanços políticos.
    Neirobis Nagae

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