sábado, 17 de abril de 2010

O NECESSÁRIO DEBATE ELEITORAL DO PT DO RIO

Contribuições para a tática eleitoral do PT no Rio

Se o encontro estadual festivo que o PT do Rio de Janeiro vai realizar, marcado inicialmente para o dia 25 de abril, na quadra da mais vitoriosa escola de samba carioca, a Portela (em madureira, subúrbio do Rio), tende a não dar margens para discussões políticas, seja de programa de governo, seja de tática eleitoral - neste ponto incluído o programa eleitoral "gratuito" de rádio e tv - o partido deverá arranjar com urgência algum espaço para fazê-la.

Acho que a discussão de programa está prejudicada, pois não há dimensão e nem vontade política sobre a sua importância para levá-la a termo. As direções partidárias no estado há muito perdem em qualidade, tornam-se um espaço de manifestações de interesses particulares ou de grupos, em detrimento de ser um intrumento de debates e produção de políticas para uma estratégia de poder local a médio e longo prazos. Ficam a espera de um "Messias" que já foi Benedita, agora pode ser Lindberg, para conduzí-las ao paraíso.

Esta dimensão da ação política me parece perdida, há de que o objetivo final de qualquer partido é a disputa do poder. Mas o PT do Rio se acomoda em ser o "primo pobre" que se regozija com as conquistas do partido em outros estados e no país. E ponto. O resto é cada candidatura individual cuida da sua plataforma eleitoral e a contribuição do coletivo partidário é não "encher o saco".

Se não busca construir as condições políticas e programáticas para um projeto de futuro, e superar o estatuto de moeda de troca para as táticas nacionais do partido, como foi em 1998 e está sendo agora, e submeter à população fluminense a mais um governo do PMDB, que há muito pontifica no estado, causa maior preocupação a preparação do partido para a presente disputa.

Até o momento não se sabe o que o partido vai propor para a conformação final da chapa majoritária da coalizão de apoio a reeleição do governador Sérgio Cabral, con destaque para a candidatura a vice-governador e as suplências ao senado, nem tampouco o que pretende para conferir um bom desempenho eleitoral às suas chapas proporcinais.

Como neste espaço já foi tratado, há problemas no preeechimento das nominatas à câmara federal e à assembléia legislativa, tanto em quantidade quanto em potencial eleitoral, muito embora quem queira obter informações sobre o atual estágio em que elas se encontram, o múmero de pré-candidaturas inscritas, não consegue, tais informações não estão disponíveis na sede do diretório estadual. Podem estar na cabeça de um ou outro dirigente, mas não no partido.

Os últimos pleitos revelaram algumas dificuldades do partido em emplacar candidaturas em determinadas regiões do estado e da sua capital, que reúne mais de 40% do eleitorado do estado. Como não há planejamento, a distribuição regional de pré-candidaturas fica à mercê de cada uma delas, não de uma tática eleitoral partidária que sirva inclusive para pontecializar tais pré-candidaturas.

Há o alento de Benedita da Silva vir candidata a deputada federal. Ela e o deputado estadual Carlos Minc são as pré-candidaturas que reunem perfil de puxadores de legenda com capacidade de garantirem não só as suas eleições, mas votos para elegerem pelo menos mais um (a) candidato (a) nas suas respectivas nominatas.

Com efeito, ambos além de serem figuras publicas bastante conhecidas do eleitorado fluminense, conquistam boa parte dos seus votos fora da área de influência partidária. Bené, na área popular, e Minc, na classe média.

Logo, as suas exposições como puxadores de legenda retiram poucos votos das demais candidaturas e da própria legenda petistas. Ao contrário do perfil de outros puxadores já experimentados pelo partido que potencializavam suas candidaturas, não a partir de votos novos, mas transferindo para si os que iriam para legenda. Enfim, em termos de desempenho geral das nominatas partidarias significava trocar seis por meia duzia.

O exposto revela a necessidade de uma boa discussão sobre tática eleitoral proporcional. Não um acordo entre lideranças e correntes que tem lá a sua legitimidade, mas é insuficente, e acaba por afugentar candidaturas de menor potencial, mas importantes para a composição das nominatas.

Mais do que isso, como tratar na propaganda do horário eleitoral dedicado à legenda do PT, não só as candidaturas, mensagens que potencializem o desempenho do partido junto ao eleitorado fluminense? O mesmo se refere ao horário reservado a candidatura de Lindberg ao senado, que deve estar a serviço não só da sua eleição, mas ao desempenho eleitoral da totalidade partidária, até pelo bom naco de tempo que irá dispor.

Fica aqui a sugestão, ainda há tempo, para que o partido, em convênio com a Fundação Perseu Abramo, contrate uma ampla pesquisa - como já realizada nacionalmente -sobre o perfil do eleitorado fluminense. Neste Brasil continental, a composição social do eleitorado de determinados estados e regiões têm características muito próprias. Qual a visão que aquele eleitorado tem do PT e outros perguntas afins, para que consubstanciado por ela e pelo acúmulo partidário no estado construído nos últimos 30 anos, se formule uma tática eleitoral proporcional, que supere o voluntarismo eleitoral e o interesse individual de cada candidatura. Acredito que cada uma delas só tem a ganhar com isso.

EM TEMPO: O risco maior de artigos como este, que apresenta sugestões óbvias, é muita gente concordar, inclusive na direção partidária, mas esta não fazer nada para torná-las viáveis.

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