Dilma participa de encontro com intelectuais no Rio
O encontro dos intelectuais com a candidata Dilma Rousseff organizado pelo escritor e sociólogo Emir Sader realizado ontém, 31 de maio, num hotel em Copacabana, zonal sul da cidade do Rio de Janeiro, revelou que o PT mais que uma candidata que cresce nas pesquisas, revela uma candidata que cresce politicamente e começa a ganhar personalidade própria, mesmo que por várias vezes ilustre o seu discurso com passagens relacionadas ao seu principal mentor: o presidente Lula.
Dilma Rousseff contradizendo a imagem sizuda que é divulgada, logrou a arrancar risos da platéia com algumas daquelas passagens e outras da sua vivência no governo, emprestando um tom pessoal e informal ao evento. Mais curioso foi a inesperada e marcante embocadura mineira - como bem destacou a também mineira deputada estadual Inês Pandeló (PT-RJ) presente ao evento -, para quem apesar de ter como berço Minas Gerais, está há tantos anos radicada no Rio Grande do Sul, um estado de sotaque inconfudível. A retomada iinconsciente das origens, parece uma revelação que Dilma está cada vez mais a vontade com a condição de candidata
O encontro que se anunciou restrito à intelectuais tornou-se uma plenária de pré campanha, instalada num auditório totalmente lotado, onde a presença do mundo acadêmico fluminese era marcante, com destaque para os reitores da UFRJ e da UERJ. respectivamente, Aloisio Teixeira e Ricardo Vieiralves, e também de dirigentes de empresas estatais, como o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli e da diretora de Gas e Energia da empresa, Maria das Graças Foster, e de diversos políticos-candidatos, como Lindberg Farias, que vai disputar uma das duas vagas ao senado pelo PT fluminense e a ex-governadora Benedita da Silva à câmara federal. Outra presença de destaque foi a do Ministro da Cultura, Jucá Ferreira, saudado por Dilma Rousseff ao longo do seu discurso.
Além de Dilma Rousseff, compuseram a mesa de coordenação do encontro Emir Sader, a ministra de Políticas para as Mulheres, Nilcéia Freire, e o coordenador do programa de governo da canpanha da ex-ministra, Marco Aurélio Garcia (foto acima ) A pré-candidata petista em seu discurso não se limitou apenas a discorrer sobre os principais eixos programáticos da sua campanha e as principais realizações do governo Lula, mas emitiu opiniões próprias sobre todos os temas, respondendo a algumas indagações e comentários oriundos do plenário
O ponto alto do seu discurso, com efeito, foi o seu enfoque sobre a política monetária. Sem criticar a atual, Dilma deixou claro que é inevitável criar as condições para a redução da taxa de juros praticada no país pelo Banco Central, para garantir um crescimento sustentável e contínuo, sem a qual o Brasil não poderá se colocar entre as principais economias do mundo.
Destacou também que a visão de crescimento não pode se expressar apenas a partir do aumento dos índices econômicos do país, mas, sobretudo, pela melhora dos índices sociais, pela drástica redução da pobreza, pela incremento na formação de mão de obra especializada, pelo investimento em educação em todos os níveis e na diversidade cultural do país, alocando recursos orçamentários para aquelas atividades que não têm perspectiva de gerar lucro, mas que são decisivas para a expressão daquela diversidade.
Dilma Rousseff falou ainda do Estado desestruturado que encontrou quando assumiu o Ministério das Minas Enegia onde, segundo ela, "encontrou 10 motoristas e apenas um engenheiro". Resultado da concepção liberal que inspirou as administrações anteriores, onde o Estado deve se voltar apenas para a manutenção e valorização das áreas fiscal (arrecadação), de diplomacia e das forças armadas, destacando a mudança de paradgma que se constituiu con o advento do governo Lula, que retomou a idéia de construção de um projeto de nação, onde o Estado reassumiu o seu papel de organizador, planejador e indutor do desenvolvemto econômico e social.
Lembrou também que um dos traços de tal mudança de paradgma é encarar a destinação de recursos para reaparelhamento do Estado, contratação de pessoal e das condições salariais e de trabalho no serviço público, tratado pelos neoliberais como gastos com custeio, sujeitos a cortes, segundo as políticas de ajuste fiscalç preconizadas pelos seus antecessores, devem ser tratados como investimento.
Estabeleceu as vantagens comparativas do Brasil em relação aos demais países deselvolvidos. com o destaque para a diversidade de ofertas no setor energético, tanto fósseis (petróleo) quanto renováveis (hidreléticas, bio-energéticas), defendeu a mudnça do regime exploração do Pré-Sal para o de partilha, como forma de garantir a inversão dos recursos desta exploração para investimentos sociais.
Por fim, fez questão de assinalar a relação entre a política soberana de diálogo e de cooperação mundial praticada pelo governo Lula, com as decisões macro-economicas tomadas pelo governo, que permitiram a criação de reservas da órdem de 250 bilhões de dólares e a mudança da condição de devedor para credor do Fundo Monetário Internacional, o que foi decisivo para o país se constituir atualmente em um dos principais atores do cenário político mundial, como provou recentemente a conquista do acordo núclear com o Iraque.
Como destacado no primeiro parágrafo desta matéria, Dilma Rousseff com um discurso intercalado entre o formal e o improviso revela estar introduzindo um tom pessoal à campanha, cresce como candidata de forma simultânea ao que se registra nas pesquisas de intenção de votos, não como alguém ungida pelo principal eleitor do país, mas como personificadora de um projeto de continuidade e de aprofundamento das mudanças iniciadas com a eleição de Lula em 2002.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário