quarta-feira, 7 de julho de 2010

A AGENDA ELEITORAL E A DAS PESQUISAS (1)

A agenda das pesquisas

Uma parcela expressiva de quem vive para e da política, não consegue resistir a dinâmica das pesquisas eleitorais. Cada uma que é publicada e repercutida nos meios de comunicação, é sempre alvo de calorosos debates. Motivados por "especialistas" convidados pelos jornais, rádios e tvs para interpretá-las, em geral "cientistas políticos", ou por dirigentes partidários e suas candidaturas majoritárias. que são instados a se posicionarem a respeito do resultados das pesquisas. Tais debates são tão confusos e inconclusos quantos as referidas pesquisas, realizadas bem antes das campanhas adentrarem ao cotidano do eleitor, e este começar, de fato, a formar opinião sobre as candidaturas e partidos em disputa.

A memória de campanhas passadas e de personagens frequentes na cena política brasileira, de início, do que foi feito e do que se deixou de fazer, são elementos inevitáveis, para a manifestação do eleitor pesquisado, quando estes não têm ao seu dispor todos os ingredientes das disputas presentes e nem total conhecimento a respeito dos novos personagens. É a margem de confiança e desconfiança entre o conhecido e o desconhecido. Quem não deposita maior confiança em quem conhece, alguem vai decidir se empresta ou não dinheiro para um desconhecido? Para a contratação de um funcionário a empresa não levanta a vida pregressa profissional e, algumas vezes pessoal, dele? Para a contratação de alguem para cuidar dos nossos filhos não fazemos o mesmo? Daí qualquer campanha eleitoral é um processo de conquista de confiança do eleitor,e larga na frente quem é mais conhecido - o contrário só ocorre em função de uma imagem extremamente negativa que o conhecimento construiu a respeito de tal personagem - e menos conhecido, a princípio, é rejeitado. E alguns são tão desconhecidos que sequer são rejeitados, são ignorados. Estes em geral não disputam prá valer, cumprem outros papéis no processo.

É assim em qualquer eleição, e nesta, com personagens novos como Dilma Rouseff e Marina Silva não será diferente. E o processo de conhecimento e construção de confiança ou desconfiança é paulatino, se inicia com o que cada personagem em disputa representa, suas caracterísiticas pessoais, o que realizou e o que pretende realizar, isto é, o seu programa e a sua plataforma política.e a capacidade de mobilização e atração de apoios que apresenta.

É púbiico e notório que a capacidade de difusão de informações nos meios como rádio e TV superam em muito a dos impressos e da internet. São aqueles e não estes que mobilizam de fato os eleitores e os militantes apoiadores das respectivas candidaturas. O horário eleitoral "gratuito" de rádio e TV, confere maior equilibrio a relação entre as candidaturas que têm mais acesso e simpatia da mídia convencional e as que têm menos Agora, com o fim das amarras ao uso da internet isso pode até sofrer uma sensível mudança, mas o peso da propaganda eleitoral "gratuita"de rádio e tv permanecerá decisivo. Pois é quando se torna possível o eleitor ver e ouvir o (a) candidato (a), suas propostas, e daí retirar suas conclusões.

Tal relação de construção do conhecimento nenhum outro meio substtui. Não é por acaso que no período pré-eleitoral, as campanhas se desdobram para obter maior tempo nas rádios e tvs. Como o conhecimento presencial das candidaturas, num pais com a dimensão geográfica e demográfica do Brasil, como também o pouco tempo de campanha e com as restrições às atividades de rua impostas pela legislação eleitoral, não dão conta da construção desta relação de conhecimento, qualquer campanha eleitoral no Brasil e, consequentemente, as pesquisas de opinião que se realizam em torno delas, só começam a desenhar os seus resultados com o ingresso daqueles meios de comunicação na disputa.

Todas as grandes campanhas presidenciais realizam as suas própria pesquisas, um dos ítens de contratação de empresas de marqueting eleitoral é a realização periódica de pesquisas qualitativas e quantitativas, tanto para a orientação da construção das candidaturas quanto no acompanhamento da tendência do eleitorado, que não são divulgadas porque servem para consumo próprio e a legislação não permite a divulgação deste tipo de pesquisa. Até porque se fosse permitida a divulgação, se tornariam instrumentos de campanha e as manipulações seriam inevitáveis.

O que não quer dizer que as pesquisas de publicação "legal" estejam isentas de tal pecado, ja que tantos institutos ou contatantes deles, representam interesses presentes na cena política brasileira que podem ou não buscar se manifestar na eleição através das pesquisas que realizam, principalmente no período pré-eleitoral quando os eleitores têm a sua disposição pouco elementos para definir a sua opção, ou simplesmente não foram ainda absorvidos pelo processo eleitoral.

Logo, apesar das movimentações das diversas candidaturas presidenciais, seus partidos, sua alianças e seus apoiadores, rumo as suas preparações para a disputa eleitoral, o que viceja é a agenda das pesquisas em detrimento da política-eleitoral propriamente dita. O que legitima algumas pesquisas, como a recente do mais tradicional instituto de pesquisa do Brasil, que não guardam lá muito coerência entre uma e outra realizada. Não se sabe se porque retratam o estágio atual de pouca nitidez do eleitor em relação ao processo, ou se estão a serviço dos seus interesses na dsputa.

É mister, portanto, a superação desta fase de agenda das pesquisas pela polítitica-eleitoral propriamente dita, já que o processo está legalmente iniciado. Primeiro com a mobilização social e militante em torno das campanhas e, segundo, nos 45 dias que se realizam a propaganda eleitoral "gratuita" de rádio e TV. Aí sim, os institutos serão obrigados a superar as suas próprias agendas e se integrarem a eleitoral, já que estarão tensionados não só por seus próprios interesses comerciais ou políticos, mas pela manifestação do eleitorado brasileiro.

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