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Tendências apontadas pelo Datafolha: Dilma 46%; Serra 28%; Marina 14%

Em duas semanas, aponta o Datafolha, Dilma perdeu 5 pontos percentuais e seus dois principais adversários, José Serra e Marina Silva, cresceram 4 pontos, fazendo com que o segundo turno passe a ser uma possibilidade concreta. Como disse o presidente do PT José Eduardo Cardoso, "não brigo com números de pesquisas, mas há uma diferença de 8 pontos com as nossas,nos votos válidos. Dia 3 é o tira-teima. Vamos à luta!"

Tomando como base apenas o instituto Datafolha anunciado hoje, não se pode negar que temos uma tendência de segundo turno. Em cinco dias, a diferença entre Dilma e a soma dos outros candidatos caiu de 7 para 2 pontos percentuais. Dilma teria 46% e seus adversários 44% (antes 49% a 42%). Mantida essa curva, chegaríamos no dia 3 com Dilma tendo 3 pontos percentuais a menos que a soma de Serra, Marina e os outros candidatos, um segundo turno pouco além do empate técnico.

Cabe lembrar que no mesmo período de 2006, pelo Datafolha, Lula tinha 49% e seus adversários 43%. Naquele ano, no entanto, era o candidato tucano, Geraldo Alckmin, quem crescia, roubando votos de Lula. Já em 2010, Serra, que luta para ir ao segundo turno, está estagnado contando apenas com o crescimento, ainda que moderado para não correr maiores riscos, de Marina.

Podemos sempre avaliar a metodologia do Datafolha, o fato do instituto fazer entrevistas apenas na rua, em apenas 1 dias ou os erros fartamente apontados em meses anteriores, para questionar essa pesquisa, mas prefiro apenas analisar os dados como se fossem, na medida do possível, 'verdadeiros'. Na quarta feira teremos outras 3 pesquisas: CNT/Sensus, CNI/Ibope e Globo/Folha/Datafolha. Portanto novos dados serão lançados na mesa para compararmos. O Tracking do Vox Populi também sinaliza uma curva de transferência de votos de Dilma para Marina, mas num ritmo bem mais lento que esse apontado pelo Datafolha.

Como comentou o jornalista José Roberto de Toledo, do Estadão, na média das quatro sondagens mais recentes, Dilma ainda ganharia no primeiro turno, com 55% dos votos válidos. Entraram no cálculo da média duas pesquisas feitas pelo Datafolha, uma do Ibope e outra do Vox Populi, todas concluídas nos últimos quatro dias. "A média tem a vantagem de diluir eventuais pontos fora da curva em uma sequência de pesquisas, mas é mais lenta para detectar mudanças bruscas de tendência do eleitorado", conclui Toledo. O Datafolha é o único dos institutos que divulgam pesquisas sobre a eleição presidencial que faz as entrevistas em pontos de fluxo, e não na casa dos eleitores. Por conta disso, o perfil de sua amostra tende a ser um pouco diferente dos demais.

A primeira coisa que chama a atenção nessa pesquisa Datafolha é o fato de que Dilma perdeu 3 pontos percentuais, mas os adversários só conquistaram 1 desses 3 pontos. Os outros 2% aumentaram a galeria dos indecisos ou votos em branco. Aparentemente Dilma perdeu, mas seus votos não se consolidaram para nenhum candidato, ficaram flutuando a espera de alguma novidade. Quem sabe o Datafolha de quarta-feira possa nos dar mais detalhes sobre esses 'novos indecisos'. A curva permanecerá nesse ritmo ou Dilma ainda pode recuperar alguns pontos?

Nas intenções de votos espontâneas, Dilma caiu de 39% pra 37%, Serra se manteve nos 21% e Marina cresceu de 9% para 11%. Na simulação de segundo turno entre Dilma e Serra, a diferença caiu de 17% para 13% (52% a 38%). Nos cortes sócio/econômicos, Dilma caiu mais entre as mulheres (de 57% para 52%) e entre os eleitores com renda entre 2 a 5 salários mínimos (51% para 46%). Dilma também caiu 4% na região Nordeste, ficando com 59%. Esses são alguns dados aparentemente inesperados e que precisam ser confirmados em outras pesquisas.

Mas se esse cenário de segundo turno ainda é incerto, a virada de Marina sobre Serra parece muito pouco provável. Ao contrário, com a consolidação dessa diferença entre os dois candidatos nos próximos dias, não seria absurdo imaginar alguma tendência de migração de parte desses votos para Dilma. Quem sabe um retorno de um eleitorado que não queira assistir a um novo e quem sabe sangrento embate entre Dilma e Serra.

É possível que o debate da Globo, na próxima quarta-feira, se torne ainda mais decisivo. Pois, com a possibilidade de segundo turno no horizonte, Marina Silva não terá outra opção se não partir para tirar votos de Serra e talvez perca um pouco o tom.Por outro lado, não ser o alvo principal dos adversários, pode facilitar para a candidata petista reconquistar alguns votos da ex-ministra do Meio Ambiente.

Tudo isso são especulações, baseado no máximo em experiências anteriores, mas cada eleição é uma eleição e é muito difícil entrar na cabeça do eleitorado. De certo, podemos afirmar, que para um lado ou para o outro, o pleito de 3 de outubro nos trará muitas emoções. Os próximos 6 dias, podem escrever, serão inesquecíveis.

O presidente do PT escreveu há pouco no twiiter: "Não brigo com números de pesquisas, mas há uma diferença de 8 pontos com as nossas,nos votos válidos. Dia 3 é o tira-teima. Vamos à luta!". Essa é a mensagem. A militância tem sempre que se imaginar num 0 a 0. Amanhã, quarta-feira, outras 3 pesquisas poderão desmentir ou não a tendência apontada pelo Datafolha, desmentir ou não o Vox Populi. O que realmente importa é saber que fizemos uma campanha limpa, propositiva e cheia de garra. Só quem viveu a emoção de um comício, como o de ontem em São Paulo, sabe do que estou falando. Não terceirizamos nossa campanha para a imprensa, não atacamos adversários com baixarias. A vontade popular, essa, não está em nossas mãos e devemos sempre respeitá-la e estarmos a postos para qualquer tarefa. Não se trata de brigar com os números, mas os do Datafolha não são decisivos nem mesmo os definitivos até 3 de outubro.

Fonte: Blog do Alê