sexta-feira, 15 de outubro de 2010

É HORA DE IR PARA ONDE O POVO ESTÁ

Dilma e o lulismo perderam classe média: hora de fazer campanha para os pobres

publicada sexta-feira, 15/10/2010 às 00:43 e atualizada sexta-feira, 15/10/2010 às 00:04

O PT e Dilma perderam o apoio da classe média. Mesmo uma boa parte da nova classe “C”, lulista, afastou-se de Dilma – assustada com a boataria religiosa e com a campanha de calúnias.

O “Datadvinhador” (instituto mantido por esse Escrevinhador) já havia detectado essa tendência, através de duas pesquisas qualitativas.

1) Na sala de um dos meus filhos (escola particular liberal, “cabeça”, na zona sul de São Paulo), ele me conta, sou o único pai que não votará Serra ou nulo (marinistas) nesse segundo turno. “O engraçado, pai, é que os professores são quase todos Dilma”, estranhou o garoto, de 13 anos – o que me leva a concluir que permanecem firmes com a candidata de Lula os setores de classe média que têm tradição de sindicalização, e consciência aguçada de classe (como professores, bancários etc).

2) Numa festa recente de jornalistas bem empregados, numa das maiores corporações de mídia do país, a esmagadora maioria estava com Serra – relata minha mulher. Num grupo de 20 ou 30, só 2 se declaravam eleitores de Dilma. Mesmo assim, mantinham-se acuados, silenciosos – enquanto a maioria serrista era barulhenta. Nesse caso, nenhum espanto – o jornalista parece ser o profissional de classe média que melhor incorporou a agenda neo-liberal dos anos 90, e que mais se identifica com os patrões, tendo dificuldade enorme de se enxergar como trabalhador.

As minhas “qualis” não erram.

E agora a pesquisa CNT/Sensus confirmou: Serra tem 70% dos votos e Dilma apenas 30% entre quem ganha mais de 20 salários mínimos (ou seja,, mais de 10 mil reais); na faixa até 1 salário mínimo. Dilma tem 53% e Serra 36%.

O corte de classe é impressionante. O mapa eleitoral da votação no primeiro turno – no Rio e em São Paulo – é outro indicativo. Dilma ganhou nas periferias paulistanas, nas cidades operárias da grande São Paulo, e Serra deu lavada no bairros centrais, grã-finos, e também naqueles da baixa classe média. No Rio, Serra liderou em boa parte da zona sul e na Barra. Dilma deu lavada na zona Oeste e na Baixada Fluminense.

Alguns gênios do marketing eleitoral acham que “o PT precisa se comunicar melhor com a classe média”. Pelo que ouço na rua, penso um pouco diferente: a classe média quer sangue, quer arrancar dedo de petista como fez no Rio em 2006. A classe média e boa parte da elite acham que Dilma é um monstro, “uma terrorista, que nem pode ir pros Estados Unidos” (como disse um amigo do meu filho, repetindo o que deve ter ouvido dos pais).

Diante disso, como perguntava Lênin: que fazer?

Já disse aqui: a campanha de Lula deveria aprofundar o corte de classe. Jogar pesado. Dizer a verdade: Serra é o candidato dos ricos, Dilma dos pobres. O PT parece fugir da luta de classe – mas a danada está sempre atrás dele…

É hora de trabalhar com a realidade. Carimbar nos tucanos que eles são os candidatos da elite paulista e sulista. Dilma é a candidata do Norte/Nordeste, dos pobres e dos trabalhadores organizados em todo o país.

A classe média, se for o caso, tenta-se ganhar depois – durante o governo (se bem que eu tenha quase certeza: essa é caso perdido).

O Portal Vermelho traz excelente matéria mostrando bem o corte de classe. Dilma e a coligação que a apóia não deviam fugir dessa realidade. Ao contrário, deveriam mergulhar de cabeça. Até porque é inevitável.

O Brasil ainda é um país de muitos pobres. Essa massa, imensa, apesar de todo o bombardeio midiático e religioso, segue ao lado de Lula e Dilma. Esse é o patrimônio maior da candidatura Dilma. Patrimônio que – com Lula em campo – pode decidir essa eleição que se tornou tão difícil e imprevisível na reta final.

A seguir, a matéria do “Vermelho” sobre esse mesmo tema:

===

SENSUS: SERRA LIDERA ENTRE OS RICOS; DILMA ESTÁ NA FRENTE ENTRE OS POBRES

O presidenciável tucano é o preferido da elite. De acordo com a pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta quinta-feira (14), o ex-governador de São Paulo registra a impressionante marca de 70% dos votos entre os eleitores que ganham acima dos 20 salários mínimos, que são menos de 1% da população. Dilma Rousseff lidera entre os mais pobres.

Na faixa de renda de até um salário mínimo, Dilma leva vantagem. Tem 53,3% da preferência dos eleitores contra 36,5% de José Serra. A vantagem da petista é confirmada ainda entre a população que ganha entre um a cinco salários. Neste cenário, Dilma tem 48,1% contra 41,7% do representante tucano na corrida pelo Palácio do Planalto.

Nos mapas ao lado, que mostram como se dividiu o eleitorado nas duas maiores cidades do país (Rio de Janeiro e São Paulo) fica evidente a preferência dos mais ricos por Serra (áreas azuis, regiões ricas das cidades) e dos moradores das periferias por Dilma (áreas vermelhas).

Como renda e escolaridade são fatores que sempre andaram juntos no Brasil, parte da população mais escolarizada também manifestou, conforme o levantamento CNT/Sensus, preferência em votar no ex-governador de São Paulo no turno suplementar do processo eleitoral. Entre aqueles que têm ensino superior, Serra lidera com 48,4% contra 40,5% de Dilma, uma vantagem não muito significativa. Na faixa de eleitores com escolaridade até a 4ª série do Ensino Fundamental, em contrapartida, Dilma é a candidata de 52,1% dos entrevistados, enquanto Serra tem 37,6% entre esse público.

A escolha de Dilma Rousseff é verificada ainda no eleitorado do sexo masculino, que tem 49,5% de seus representantes afirmando votar na petista no segundo turno. Entre as mulheres, 44,3% preferem Dilma e 43,5% optam por José Serra.

A pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela CNT apontou nesta quinta a liderança da candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, com 52,3% dos votos válidos. O tucano José Serra, por sua vez, registra 47,7% da preferência do eleitorado, também considerando os votos válidos. Na pesquisa estimulada, quando são medidos os votos totais, a pesquisa registra, no entanto, empate técnico entre os dois presidenciáveis, com Dilma computando 46,8% e Serra, 42,7%. Nesta situação, votos brancos e nulos chegam a 4,0%. Eleitores indecisos atingem o patamar de 6,6%. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

Quando computada a intenção de votos de forma espontânea – situação em que ao eleitor não é apresentada uma lista com os candidatos – Dilma Rousseff segue na dianteira com 44,5%, ao passo que José Serra registra 40,4%. Brancos e nulos nessa situação são de 4,0%. Eleitores indecisos são 10,6%.

O levantamento CNT/Sensus ouviu 2 mil pessoas entre os dias 11 e 13 de outubro. Registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 35560/2010, tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.

Fonte: Blog do Escrevinhador

Comentário do Blog

Na classe média da zona sul do Rio, o nível de consolidação de votos é muito grande. Quem ficou com a gente ficou, que foi pro Serra foi. Há uma margem ínfima de votos da Marina, que está entre votar nulo, se abster ou votar em alguem. Algo estatisticamente insignificante. Mesmo assim são extratos de trabalhadores de classe média baixa (porteiros e funcionarios de prédios, pessoal que trabalha no comércio, empregadas (os) domésticas (os) etc etc.

A disputa de um pedaço da classe méida passa muito mais pela batalha de informações, nas internet e redes sociais, via desconstrução de Serra e de suas mentiras do que investimento em grandes mobilizações. Estas só servem para animar quem já está com Dilma, por isso não se pode deixar de fazê-las, mas entendendo as limitações de sua abrangência e na definição do processo eleitoral.

Mas o peso e o investimento maior em estrutura de campanha deve ser dedicado a zona oeste, baixada fluminense e gonçalense e municípios polos do interior do estado.

Um comentário:

  1. Beleza Flávio
    A Militância da Zona Oeste do Rio, ha muito faz este discurso, o velho Brizola, com toda sua sabedoria, já falava, "Candidato majoritário que não vai a Zona Oeste do Rio fica a ver Navios".
    Ainda ha tempo de voltarmos nossas baterias para onde podermos fazer a diferença e contra balançar os votos que vem do sul.
    Na ZO Rio estamos na Rua
    Com ou sem nossos majoritários
    Moraes

    ResponderExcluir