terça-feira, 21 de dezembro de 2010

RESPOSTA DE PAULO SAAD A JOÃO STUDART

O PT e a cidade - nada de novo

Caro João


Uma das lutas históricas do PT foi o Estatuto das Cidades, e uma das nossas principais conquistas. A fundação do Ministerio das Cidades foi uma das consequencias, pensado como instrumento de sua viabilidade. Foi esta construção petista que hoje viabiliza grande parte do que se faz no Brasil para a Copa, por exemplo.

Grave foi que pouquíssimos petistas do Rio tenham participadodesta luta, destas conquistas.

Por isso, desgraçadamente, há muitas lideranças petistas que não tem a menor noção do que isto significou e significa, e não tem como objetivo racionalizado, a continua função social da cidade
e da propriedade e não tem compromisso com esta estrategia de emancipação da sociedade e não tem a menor noção de como de fato, este objetivo maior se pratica no dia a dia, em um cargo público.

O que está acontecendo no Rio já é do conhecimento de muitos estudiosos experientes. Não há , por exemplo, nenhuma novidade teórica. Também já houve ensaios bem praticos e cujas características autoritarias e ilegais (frente ao Estatuto da Cidade) são bastante conhecidas,
como foi tudo o que aconteceu para e no PAN. Varias destas estão se repetindo.

Todos conhecemos muitas equipes e são necessarias, mas não são suficientes. Equipes por si e em si, não explicam e não justificam nenhum programa ou projeto.

Não me lembro de ter ouvido falar ou participado de nenhum processo de Formulação de política habitacional ou de transportes e mobilidade ou de infraestrutura, como deveria ter ocorrido, só para começar, desde lá no inicio.

A fragilidade da inserção do PT na Prefeitura, sem programa, sem projeto, sem acordos conhecidos e aprovados, sem uma coalização de fato e explicitada, sem partido, sem perspectiva, sem lenço e sem documento, não autoriza o PT a ser PT, e assim passa a ter outros nomes, fulano, beltrano, como se nomes pudessem minimizar a falta de política, de estrategia.

A nossa estrela no Rio não brilha há muito, embora alguns tenham semprese aproveitado dela, construindo sucessivos fracassos, como o das últimas eleições, nas quais perdemos votos ainda mais e antigas lideranças que acumularam muito do nosso melhor capital político foram, nas urnas, um retumbante fracasso. O que salvou a nossa honra foi a gloriosa campanha de rua da militancia independente no segundo turno, em que a base elegeu Dilma.

Abraço fraterno do Paulo Saad

Segue o artigo de João Studart

Alto lá!!!!

Não sei se as pessoas tem a verdadeira dimensão do que está para acontecer na cidade do Rio de Janeiro em termos de intervenções urbanísticas, de infra-estrutura e habitacionais nos próximos anos. Estou me referindo de algo em torno de algumas dezenas de bilhões de reais que serão investidos em obras de todo o tipo na cidade.

Significa dizer que em breve o Rio de Janeiro se transformará em um gigantesco canteiro de obras e, durante sua execução, toda a cidade será afetada, de alguma forma, por essa montanha de novos projetos, cujo o objetivo é preparar a cidade para as olimpíadas e a copa do mundo.

Forçosamente vamos ter que aprender a conviver com todos os problemas decorrentes da execução simultânea de centenas de intervenções e obras no espaço urbano dessa metrópole, já caótica em vários aspectos.

Para as famílias que já estão sendo e para as que serão diretamente atingidas por essas obras espera-se que o Poder Público faça uso dos instrumentos que possui para amenizar o impacto, as seqüelas e o inevitável transtorno nas suas vidas e, da mesma forma, espera-se dos agentes públicos exame criterioso de cada situação, muito diálogo, pactuação das soluções e alternativas negociadas com cada família.

Da parte da Secretaria de Habitação sei que esses cuidados estão sendo tomados e todos os instrumentos (cadastros sociais, aluguel social, indenização e oferta de moradia) estão sendo oferecidos e negociados, caso a caso, com para essas famílias.

Talvez o modelo de governança estabelecido pela prefeitura para executar esse mundaréu de obras que se avizinham e, ao mesmo tempo, gerenciar caso a caso seu impacto na vida das pessoas não seja o ideal ou não dê conta da complexidade da situação.

Não sei se a prefeitura está estruturada para desenvolver previamente ao início, durante e depois de cada obra o necessário e imprescindível Trabalho Técnico Social junto àquelas comunidades diretamente afetadas por essas intervenções. Também não sei se as diferentes secretarias estão entrando nas comunidades de forma articulada e integrada umas com as outras. Sem essa articulação e integração entre elas os conflitos e tensões entre o poder público e as comunidades afetadas tenderão a se tornar rotina.

Somos todos contra a truculência e a violência no trato com as pessoas cujos imóveis - residenciais ou comerciais foram ou serão atingidos. Mas, alto lá! Acho que os companheiros e companheiras que, diante dos primeiros problemas, partem para satanizar as secretarias municipais ocupadas pelo PT estão errando ao politizar dessa forma o problema ou agindo de má fé.

Erram não só porque conhecem o secretário de habitação e sua equipe, sua história política e sua vida pública, mas também porque poderiam usar seus saberes e conhecimentos técnicos apresentando sugestões e propostas concretas para que esse processo, inevitável, que a cidade vivenciará nos próximos anos seja o menos conflituoso e penoso possível para as famílias diretamente atingidas.

O país lutou muito para sediar a copa do mundo e os jogos olímpicos. O governo federal investiu milhões de reais e todo empenho e prestígio pessoal do Presidente da República junto à comunidade internacional para essa conquista. A cidade do Rio de Janeiro e demais cidades que sediarão os jogos serão beneficiadas com esses investimentos e, ao final de todo o processo, se tornarão lugares melhores para se viver.

João S. Orban

Comentário do Blog

"Aqui vale ressaltar que a disputa de valores faz parte da disputa política. Não percebe isto quem acha que fazer política é “administrar”, esquecendo que a “percepção das obras” é mediada pela ideologia, pela visão de mundo, pela luta política."

Trecho do artigo de Valter Pomar "Comemorar muito, mas de sandálias", onde o autor analisa o resultado do recente processo eleitoral.

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