quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

AGORA O PT, NA AÇÃO SOCIAL ESTADUAL


Rodrigo Neves na Ação Social: muito barulho por nada

A construção da indicação do deputado estadual Rodrigo Neves (PT), para a Secretaria de Ação Social do Estado do Rio, deve servir de referência, para qualquer debate petista sobre composição de alianças de governança. Partiu de aspirações individuais, mas construído e finalizado por um processo partidário e coletivo. Neste processo se inclui da mesma forma a recondução do deputado Carlos Minc, para a pasta de Meio Ambiente, muito embora, neste caso, sabe-se que foi ao encontro de um desejo do governador Sérgio Cabral. O fato incontestável é que Minc é o quadro mais qualificado do partido, tanto do ponto de vista político quanto de gestão, para a função que volta ocupar, após uma passagem exitosa no Ministério do Meio Ambiente do governo Lula, cumprindo a contento a penosa missão de substituir Marina Silva. Quanto a isso, a minha única dúvida é a idade anunciada do novo secretário de meio ambiente, 59 anos?

Com efeito, a direção do PT do Estado do Rio merece saudação, pois soube atuar com serenidade e respeito a pluralidade partidária, oferecendo ao governador nomes que aliam experiência de gestão com capacidade política, sensibilidade popular que só a ação parlamentar ou a militância política e social conferem. Haja vista, que além da indicação de Rodrigo Neves, para a mesma secretaria e exame do governador, o partido indicou o primeiro suplente da bancada estadual do PT, André Ceciliano - que assume o mandato na vaga deixada por Carlos Minc -, ex-prefeito de Paracambi em três gestões muito bem avaliados, que elegeu com tranquilidade o seu sucessor, o também petista Tarcísio Pessoa.

A troca efetuada por Cabral, do então secretário ação social, o economista Ricardo Henriques, pelo deputado estadual petista, um técnico que ostenta um currículo invejável, foi alvo de duras críticas de setores da intelectualidade acadêmica: trocar um técnico qualificado por um político?? Eu acho o contrário, um avanço. Nada contra os técnicos, ou os acadêmicos e suas corporações, mas muito a favor dos políticos, principalmente aqueles que têm experiência de gestão. Não que isso seja um imperativo para assumir um cargo executivo, mas por ser mais fácil para começar. Aí é sensiblidade para se cercar do melhor - não apenas de amigos, assessores e aliados, como na Habitação do Rio, também ocupada por petistas - que puder dispor, estimular o contraditório e a pluralidade para construir sínteses e, a partir delas, ações político-administrativas.

Para não citar Lula, seria covardia, um dos governadores mais bem avaliados e reeleitos do Brasil, Jacques Vagner, da Bahia - sem nenhuma relevante experiência anterior de gestão -, não se destaca pela sua capacidade de administrador, mas por sua sensibilidade política. Com efeito, sedimentada pela sua passagem pelo Ministério das Relações Institucionais no governo Lula. Insisto na hierarquia e no comando da política sobre a técnica de gestão por um simples fato: o técnico tem como horizonte a árvore, o político, até por uma questão de sobrevivência é mais ambicioso, a floresta. Nela, pode plantar quantas árvores quiser ou as que condições permitirem.

Uma certa mídia amiúde opera para desmoralizar a política e aos políticos, na verdade se pudesse ocupava o lugar deles, amparada em setores da intelectualidade acadêmica que a si conferem um saber supremo - decerto, construído a partir de anos de estudos, pesquisas e observações -, que aos políticos e ao povo em geral, segundo eles, não é facultado. Quando a isso se associam características da personalidade, como uma vaidade extrema, é impossível a compreensão sobre um processo coletivo para a ocupação política de uma gestão. Aí viram consultores e passam a vender as suas idéias, muitas delas interessantes, como caixeiros viajantes em diferentes plagas. É assim, por exemplo, que encaro críticas como a do antropólogo Luiz Eduardo Soares, à indicação de Rodrigo Neves.

Rodrigo Neves já mostrou a que veio, ao nomear o ex-deputado e ex-procurador de Justiça, Antonio Carlos Biscaia, para sub-secretário de Direitos Humanos e Territórios. Um dos formuladores do Pronasci - Programa Nacional de Segurança com Cidadania -, fonte criadora das festejadas UPPs - Unidades de Polícias Pacificadoras -, nas suas passagens pelas secretarias nacionais de Justiça e Segurança do Ministério da Justiça, Biscaia, além de tais credenciais, é garantia do necessário transito da secretária de Ação Social, junto às áreas afins no governo federal.

Vale destacar, todavia, como positiva, a transferência de Ricardo Henriques para a presidência do Instituto Pereira Passsos (IPP) da Prefeitura do Rio, com a missão de tocar o projeto, iniciado na sua gestão na ação social estadual, das UPPs sociais, sem as quais perde o sentido e a continuidade o processo de ocupação pacífica das comunidades faveladas, adotado pela Secretaria Estadual de Segurança do Rio.

Longe de revelar qualquer tentativa de esvaziamento da gestão de Rodrigo Neves, quem assim avalia não conhece o tamanho das atribuíções da ação social estadual, as comunidades faveladas ocupadas, ou em vias de ocupação, estão sob jurisdição política e territorial da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, que nesta área atua em harmonia com o governo estadual. Nada mais natural e previsível, para a continuidade de um projeto do alcance das UPPs sociais.

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