quinta-feira, 23 de julho de 2009

O JOGO SUJO DA CRISE NO SENADO

O jogo sujo

Por Celso Gomes

Há pouco tempo atrás, recebi uma mensagem de um amigo com a lista de senadores que havia se beneficiado dos tais atos secretos. Respondi dizendo que ainda não entendido bem o motivo de tanto estardalhaço em torno desses atos secretos e de outros pormenores que a grande mídia tem divulgado. Entretanto, dizia eu na minha resposta, “quando vejo juntos Folha de SP, Estadão e O Globo fico logo com a pulga atrás da orelha.” Naquele momento, desconfiava que Lula estava por trás desse jogo sujo da imprensa brasileira, pois queriam atingir o Governo, que possui o maior índice de aprovação na história desse índice, mas não conseguiam. A partir da constatação de que o Lula, propriamente dito, é intocável, resolveram minar sua base parlamentar. Eu cria ainda que havia uma enorme chantagem contra o PMDB: “olha, sabemos essas coisas e muito mais, se em 2010 não virem conosco, é chumbo grosso.”

O assunto evoluiu e o próprio Lula se entronizou na crise para defender Sarney, desnudando o jogo sujo da mídia, após o silenciamento do líder da oposição, Senador Arthur Virgílio, que havia mantido funcionário fantasma em seu gabinete.

A crise se aprofundou, com ataques de todos os lados.

Não pretendo discutir nesse espaço as denúncias de uso indevido do dinheiro público pelos senadores, que, estranhamente, começou após a crise das passagens aéreas na Câmara dos deputados, que, momentaneamente, está fora de foco. É imoral e também não concordo de maneira nenhuma com a forma que Sarney e outros têm administrado a casa nesses últimos anos. Aliás, tenho a opinião radical de que o Senado deveria perder todas as suas funções legiferantes, devendo manter apenas suas funções institucionais como representante da federação brasileira.

Tentando acuar o Parlamento, obrigando-o a fazer funcionar a CPI da Petrobras, que será outra CPI do fim do mundo, investigando Lula, o jornal O Globo de domingo 05/07/2009, publicou várias matérias sobre dirigentes sindicais que atuam em cargos de gerência na Petrobras, sem que haja nenhuma denúncia de irregularidade. A não ser que consideremos irregular a nomeação desses dirigentes, membros do partido político que ganhou a eleição. Não podemos esquecer que FHC nomeou um francês para presidir a maior estatal brasileira, com o beneplácito dessa mesma mídia que hoje ataca Lula pela nomeação dos petistas.

O ataque seguiu com matérias sobre os diplomas de Dilma, logo após seu crescimento nas pesquisas de opinião, realizadas pela própria oposição. A mesma mídia que acredita no diploma de economista da Serra, quando sabemos que o mesmo foi cassado pelo Golpe Militar e não chegou a se formar em Economia pela USP. Só falta criar uma CPI para investigar as declarações de Ronaldo Fenômeno no Bem Amigos, afirmando que Lula indica as empreiteiras que trabalharão no CT do Corinthians.

Mas agora chegamos às raias do absurdo com brincadeiras acerca da viagem de Lula à França, silenciando acerca dos reais motivos da visita, que é uma homenagem que ele está recebendo da ONU naquele país. Trata-se de premiação inédita para um presidente brasileiro. Lula será agraciado pela Unesco, braço das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura, com o Prêmio Félix Houiphouët-Boigny pela busca da paz.

Esse silêncio da mídia brasileira é eloqüente. Revela as entranhas da política brasileira, que nesse momento histórico em que vivemos, beira a radicalização. Estamos diante de outra crise política, que se constitui em uma nova ameaça à ordem política nacional, pois a oposição, com o apoio escandaloso da grande mídia, deflagrou 2010 com mais de um ano de antecedência. Restando perguntar: se Dilma ganhar a eleição viveremos mais um mandato de jogo sujo da oposição mancomunada com essa mídia golpista e atentatória aos princípios democráticos?

Nós, os cidadãos comuns, que não vivemos às turras com nossos concidadãos, não suportamos viver paralisados em um país conflagrado e ameaçado pelo golpismo. Não queremos mais um ano perdido como foi 2005, não queremos viver em um país paralisado por uma onda suja de golpismo da grande mídia, martelando a ferro frio um assunto após o outro, tentando minar o Governo, enquanto nós trabalhamos, estudamos e produzimos para criar um país real, que pretendemos entregar para nossos filhos.

Celso Gomes é advogado e escritor
contato@algoadizer.com.br

Este artigo e outros estão na edição de julho do jornal Algo a Dizer. Boa leitura.

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