quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

LUIZ SÉRGIO DEFINE APOIO À BENÉ AO SENADO

Presidente do PT diz que será magistradado, mas declara o seu voto

Roberto Marinho

Volta Redonda/ Brasília

O deputado federal Luiz Sérgio assume no próximo dia 26 a presidência do PT no Rio de Janeiro, substituindo Alberto Cantalice. Depois de enfrentar uma eleição interna apertada - onde venceu no segundo turno, com a diferença de pouco mais de mil votos para o segundo colocado, Lourival Casula - Luiz Sérgio assume o PT com a tarefa de costurar uma aliança com o PMDB, visando a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), mas principalmente, segundo o próprio deputado, garantir o apoio do PMDB fluminense à candidatura da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (PT), à Presidência.

Além disso, Luiz Sérgio deve ter que pacificar a disputa entre o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, e a secretaria estadual de Assistência Social, Benedita da Silva, para definir o candidato do PT ao Senado. O novo presidente do PT fluminense, no entanto, disse que já definiu sua posição: a favor de Bené. Os candidatos do PT serão definidos em um encontro estadual, que será realizado em fevereiro.

- Preciso agir como magistrado, porque presido o PT. Mas isso não me impede de expressar meu voto, que é para a Bené. No encontro estadual, meu voto é da Bené - disse Luiz Sérgio, lembrando ainda que a proposta de Lindberg de que o PT tivesse candidato próprio ao governo estadual foi derrotada no último PED (Processo de Eleições Diretas) do PT. Lindberg apoiou na época o adversário do deputado na disputa pela presidência regional do PT. Casula, por sua vez, apoiava a proposta de Lindberg, que queria ser o candidato petista ao governo do estado.

- Como a tese do Lindberg (de sair como candidato a governador pelo PT) caiu, ele colocou a candidatura ao Senado. Tem todo o direito, mas ele terá que ganhar no encontro regional do PT. A Bené já foi senadora, governadora, e também tem todo o direito de tentar a candidatura. Mas é o partido que vai definir quem será o candidato - justificou.
Segundo ele, uma possível derrota de Lindberg poderá deixar seqüelas, mas Luiz Sérgio aposta que isso não irá comprometer o clima interno do partido.
- Em eleição, aquele que não é o vencedor sempre se chateia. Mas será uma disputa de alto nível e os dois tem maturidade para saber que os delegados podem expressar sua vontade - apontou.

Prioridade é Dilma

O novo presidente do PT fluminense reforçou que a prioridade absoluta do PT é a eleição de Dilma Roussef como sucessora de Lula. Segundo Luiz Sérgio, a aliança entre PT e PMDB no Rio parte desse princípio.

- Pela primeira vez o Brasil tem crescimento sustentável aliado á distribuição de renda, com a diminuição das diferenças regionais. Evidente que isso pode ser acelerado e aprofundado e por isso o mais importante é a eleição de Dilma Roussef, para dar continuidade a essa tarefa. Essa é a prioridade do PT, eleger Dilma - disse.

Mas Luiz Sérgio lembrou da importância do PMDB para construir a aliança de apoio á eleição da ministra. No entanto, ele reafirmou que é preciso discutir a presença do PT no governo Cabral.

- Mesmo com um governo com a aprovação popular histórica, não podemos ser prepotentes, e a humildade nos ensina que precisamos caminhar juntos, sozinhos não é possível. Para isso o PMDB é muito importante, mas essa aliança depende deles e de nós - apontou o deputado, que acrescentou: "Ao consolidar uma aliança nacional com Lula, precisamos consolidar essa aliança com o PMDB do Rio de Janeiro. Consolidando essa aliança, vamos traçar uma estratégia".

Fonte: Jornal Diário do Vale

Enviado por Helbson de Avila no Articulação de Esquerda Sul Fluminense em 2/03/2010 07:18:00 PM --

Comentário do Blog

Luiz Sérgio pertence ao mesmo campo político que a Secretária Benedita da Silva, a Corrente Construindo um Novo Brasil, embora no Estado do Rio tenham integrado chapas diferentes na disputa para a composição do diretório do partido.

Portanto, o seu apoio à Benedita ao senado para o universo petista fluminense não é nenhuma novidade. Mais do que isso, além das afinidades políticas entre ambas lideranças petistas, se constitui numa retribuição ao apoio que Benedita lhe prestou na disputa interna pela presidência do partido no primeiro e segundo turnos.

Resta saber, apenas, porque o presidente eleito do partido, vencedor de uma disputa por pouca margem de votos, como destaca a matéria do jornal Diário do Vale, que circula pela região Sul-Fluminense do estado (cujos municípios de maior peso político são Volta Redonda, Barra Mansa, Barra do Pirai e Resende), resolve tornar pública sua opção de voto?

É de conhecimento interno ao partido, que se por um lado Lindberg Farias tende a manter a grande maioria de votos que a tese da candidatura própria, encarnada pelas candidaturas de Lourival Casula, Bismark Alcântara e Andre Taffarel a presidência do PT obtiveram no primeiro turno do PED (cerca de 48%%), por outro, mesmo na sua corrente e, principalmente, fora dela, vai ser difícil Luiz Sérgio segurar os votos que obteve no primeiro turno, que definiram a eleição de delegados ao congresso estadual do PT.

Além disso, não há indícios de que a fração da Mensagem ao partido, que lançou a candidatura de Waldeck Carneiro a presidente do PT e apoiou Luiz Sérgio no segundo turno, pelo menos no setor majoritário da sua composição, marche em direção ao apoio à Benedita, pelo contrário.

Salvo se prevalecer a sanha hegemonista da CNB, que não se contenta em derrotar adversários internos, mas esmagá-los ao arrepio de qualquer movimento em direção da unidade partidária, que só terá chance de êxito, caso haja uma operação casada com a cúpula majoritário nacional do partido e o Palácio do Planalto, em favor da indicação de Benedita da Silva.

Até porque se a adesão recente e entusiasmada de Lindberg à reeleição de Cabral, causar danos em parcela da sua base de apoio interno, o caminha mais provável dela não é migrar para o apoio à Benedita, mas simplesmente se afastar do prefeito de Nova Iguaçu e não se envolver na disputa pela indicação do PT ao senado. O que não é o cenário mais provável, e caso ocorra será residual.

Enfim, Luiz Sérgio como filiado do PT tem todo o direito de expressar sua posição e seu voto nas questões internas do partido, mas na condição de presidente-magistrado, como diz que se comportará no processo de disputa, ao invés de se forjar o fiador da unidade partidária, fundamental para o partido não sucumbir diante do rolo compressor do PMDB, já divulgou publicamente o seu veredito sem sequer ouvir e negociar com as partes.

Um comentário:

  1. Fico feliz com a sensatez do comentário acima, mostra que ainda temos militantes petista coerente e com grande capacidade de fazer análises críticas das diversas situações apresentadas internas e externas neste cenário político. O problema é encontrar pessoas igualmente sensatas e com humildades suficiente para ouvir e refletir ideologicamente e não de forma pragmatica principalmente dentro do partido.

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