MANIFESTO DE APOIO A MÁRCIO POCHMANN, PRESIDENTE DO IPEAA escolha do presidente do IPEA deveria seguir o sábio conselho imortalizado pelo Padre Vieira – no Sermão da Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel proclamado em 1638, na Capela da Misericórdia da Bahia: saber aproveitar o que existe de melhor, não na Metrópole, mas pelo país.
Aos nossos olhos o trabalho desenvolvido pelo atual presidente do IPEA, o economista Márcio Pochmann, é a demonstração clara do esforço pela refundação institucional da pesquisa estatal com base na justiça fiscal, transparência corporativa, ética funcional, rompimento de paradigmas e oitiva dos movimentos sociais, ao longo do período mais turbulento que a economia mundial atravessou desde os anos 30.
Márcio Pochmann concertou uma estrutura organizacional que consagrou o valor técnico, titularidade e autonomia dos pesquisadores; vale dizer, conferiu autoridade e independência aos pesquisadores, de tal modo a permitir-lhes não permanecerem reféns de encomendas do mercado financeiro.
O que fez Márcio Pochmann na direção do IPEA foi defender um modelo de administração do conhecimento que garantisse a pesquisa e o estudo infensos às conveniências políticas, conflitos de interesses ou pressões do mercado.
Celso Furtado nos ensinou que a imaginação é indispensável para nos aproximar de uma sociedade civil sensatamente melhor organizada em torno do fim das injustiças. A gestão de Pochmann foi ao encontro desse desiderato aparentemente utópico do Mestre paraibano.
Márcio Pochman deu um primeiro passo em busca da produção do conhecimento lastreada em valores éticos que recusa tanto a pensata vulgar mercantil quanto a resignação fatalista do modelo vigente ao dictat financeiro, sem ignorar os poderosos grupos econômicos obcecados em escapulir do sacrifício tributário. O seu segundo passo será melhor equacionar o conflito distributivo do bolo fiscal, partindo da perspectiva de que seja indispensável repensar a trajetória malsinada iniciada em meados dos anos 90, as falsas presunções vigentes e os modismos que volta e meia envolvem a política fiscal subordinada à política monetária.
A presença de Pochmann é uma animadora alternativa democrática e transparente voltada para a legitimação funcional dos pesquisadores comprometidos exclusivamente com o interesse público, com o olhar dirigido a uma população cansada dos jargões obscuros de uma política econômica que expropria as rendas mais baixas, e que aguarda a prometida tributação vinculada ao desenvolvimento de todas as potencialidades da nação e do povo brasileiro.
Neste instante reconhecemos a honradez, a competência e a coragem intelectual de Pochmann e de seus colegas que abraçaram o surrado projeto nacional de desenvolvimento, remando contra o "mainstream", em uma conjuntura que fez pesquisadores e ex-funcionários públicos milionários com informações privilegiadas obtidas nos centros de decisão do Estado.
Pochmann não traiu os princípios da Carta de 88 e sustentou como ninguém o background de enfrentamento da crise de 2008/2009. Especialmente desmontando campanha velada contrária à política anticíclica agressiva defendida pelo Ministro da Fazenda, no ápice da catástrofe financeira que levou o primeiro mundo à lona.
No ensejo, cumprimentamos o economista e professor Márcio Pochmann, manifestando-lhe elevado apreço e respeito pelo muito que já fez, e a quem desejamos a continuidade da sua jornada plena de êxito na presidência do IPEA.
SINDIFISCO NACIONAL – SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL (Delegacias Sindicais de Campinas/Jundiaí, Ceará, Curitiba, Espírito Santo, Joinville, Maranhão, Piauí, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador e São José dos Campos.)
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